Resumo: Sobre o discurso gramatical produzido na Antigüidade tardia nem sempre se encontram olhares cuidadosos. As Etimologias de Isidoro de Sevilha, cuja circulação atravessou os séculos posteriores, têm sido um alvo predileto para considerações que vão desde o menosprezo “puro e simples” ao risível. No entanto, as reflexões linguageiras desses séculos que “encerram” a Antigüidade têm sua razão de ser, uma vez que estabelecem relações outras com a língua e com a linguagem. Na tentativa de contar uma outra história sobre o discurso gramatical antigo e sobre uma de suas ferramentas interpretativas básicas, a etimologia, optou-se por narrar, em linhas gerais, o percurso das abordagens linguageiras que partem de gregos e romanos e chegam ao trabalho de Isidoro de Sevilha, enfatizando as tensões entre as rupturas e as continuidades desses debates, percorrendo um período em que subjaz o acontecimento da emergência do discurso cristão. Para descrever e interpretar quais as regularidades desse discurso gramatical-etimológico-cristão isidoriano, julgou-se necessário traduzir o livro I das Etimologias, onde se encontram as definições-chave relativas à gramática e à etimologia.
Palavras-chave: Isidoro, de Sevilha, Santo, m.636; Antigüidade tardia; Discurso gramatical; Etimologia - História.