Resumo: O Orkut configura-se como um espaço público de impermanências, onde a intimidade passa a ter visibilidade através dos relatos dos sujeitos. Narrar, sabendo-se vigiado, traz implícito um jogo de “revelar” e “esconder” que, de alguma forma, regula e constitui as relações sociais deste espaço virtual. Ao narrativizar suas experiências, os sujeitos vão produzindo discursos que além das suas, trazem vozes de outros. É um entrecruzar de memórias, de onde cada um seleciona e organiza, no tempo e no espaço, a hiper-textualidade de sua escritura. É possível “caminhar” por esta “Cidade Azul” e identificar rituais da contemporaneidade que começam a se fixar em nossa sociedade: novas maneiras de dizer a morte, novos modos de experimentar o luto e novas formas de trazer para a esfera do público o que, por muito tempo, ficou na esfera do privado. Nesta pesquisa, procuro compreender a maneira como os adolescentes, usuários do Orkut, estão lidando com a vida e com a morte, com a contraditória solidão que emerge em meio a um emaranhado de relações virtuais, capaz de aproximar algumas distâncias e de aprofundar outras. Analiso os discursos de jovens brasileiros que se suicidaram e que deixaram pelos espaços públicos do Orkut os rastros virtuais de uma morte (a)enunciada.
Palavras-chave: Suicídio; Internet (Redes de computadores); Orkut (Redes de relacionamentos na Internet); Análise do discurso.