Coleridge e a suspensão da descrença: uma obra premiada

Nota

O livro Coleridge e a willing suspension of disbelief – história, análise e usos, de Mônica Beatriz Guidi, é um estudo que apresenta ao leitor o caminho de formação desse conceito e como ele tem sido utilizado hoje em dia. A obra agrada até mesmo quem não conhece o tema, explicando o passo a passo do processo que faz o leitor deixar suas dúvidas de lado e acreditar nas ficções que lê – a teoria de engajamento com a ficção criada por Coleridge.

Premiada pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp em 2020, o estudo foi orientado pelo prof. dr. Alexandre Soares Carneiro, e explora o termo cunhado por S.T. Coleridge willing suspension of disbelief (suspensão voluntária da descrença) desde seu primeiro uso. Para isso, a autora utiliza um corpus extenso, incluindo não apenas Coleridge, mas também William Wordsworth, que escreveu e colaborou com ele em alguns trabalhos. Assim, Guidi traça o contexto pessoal, literário e histórico da criação do conceito, baseando-se nas obras de Coleridge para desenhar a linha do tempo e o cenário do período em que a suspensão da descrença surge como tópico de análise. Nesse sentido, além de uma recriação do conceito, o livro também mostra um grande estudo sobre a própria vida de S.T. Coleridge.

Analisa, ainda, a atitude mental de quem lê em diálogo com as intenções do texto, chegando até mesmo à análise do consentimento que ocorre mesmo sem que o leitor perceba. Ao final, discorre sobre as aplicações do conceito, as inovações narrativas e sua utilização anacrônica, bem como sobre as armadilhas da coerência e verossimilhança que podem tirar de uma obra de ficção o potencial de suspensão da descrença que poderia ter.

Como parte da coleção de estudos premiados da editora Asa da Palavra, o livro foi publicado em 2022 e conta com prefácio de Daniel Lago Monteiro, doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP, além de cuidadosa tradução das terminologias empregadas no livro, com indicação do texto original em rodapé. A equipe editorial criou um projeto gráfico que transmite a sobriedade do tema e se relaciona com o próprio conceito ao utilizar partes da pintura “Caminhante sobre o mar de névoa”, de Caspar David Friedrich, abrindo cada seção da obra e fazendo um exercício de composição com o leitor: ao virar a página, percebe que o caminhante “sumiu”. O detalhe é feito para reflexão: está alí em um momento, no outro não está mais. No que acreditar? 

A obra é significativa para o estudo do tema pois reconstrói a teoria, auxiliando o leitor a compreender de onde surgiu o conceito, de forma a entender a razão de cada uma das palavras que o nomeiam. Mônica Beatriz Guidi não se limita a falar sobre a suspensão voluntária da descrença, mas expande sua pesquisa para abranger a vida, as dúvidas e as importantes obras de S.T. Coleridge. Contribui, dessa maneira, não apenas para a construção da teoria, mas também da historiografia literária. 

Coleridge e a willing suspension of disbelief – história, análise e usos está disponível no site de publicações do IEL! Acesse aqui e baixe gratuitamente.

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