Resumo

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A DIMENSÃO AFETIVO-EMOTIVA DOS DISCURSOS DE PROFESSORES E ALUNOS NAS INTERAÇÕES EM SALA DE AULA

MARINALVA VIEIRA BARBOSA

Orientador(a): João Wanderley Geraldi

Doutorado em Linguística - 2008

Nro. chamada: T/UNICAMP - B234D


Resumo:
A principal matéria-prima desta tese são as produções discursivas de professores e alunos dos níveis Fundamental, Médio e Universidade. Centro atenção em dois tipos de discursos: a) os que diretamente objetivam revelar um problema pessoal, narrar emocionalmente uma experiência ou narrar uma experiência afetiva que visa mobilizar, tocar afetivamente o seu interlocutor; b) os que, indiretamente, produzem efeitos de sentidos afetivos embora não apresentem elementos lingüísticos que remetam ao campo das afetividades. Tais discursos foram denominados de “discursos de emoção”. Como se trata de um estudo lingüístico-discursivo, trabalhei somente com o verbal, e o foco centra-se no movimento interacional do sujeito que discursiviza as suas emoções e nas respostas dos sujeitos que interpretam esse gesto discursivo afetivo. Desse modo, o que é tratado como emoção no discurso, neste trabalho, não se confunde com a pura ação física ou biológica (o dado per se), ainda que possa englobá-las. É o dado postulado pelo sujeito da enunciação: a dor, a tristeza ou a alegria tais como definidas por ele por meio da linguagem e no contexto de interação com o outro. A seleção do corpus é baseada na concepção de paradigma indiciário proposta Ginzburg (1999). A adoção dessa concepção se justifica porque permite conceber sujeitos cujo discurso não se perde ou se explica por meio da eleição de traços generalizantes de pertencimento a uma comunidade (neste caso, a comunidade de professor ou de aluno), mas também não são atos absolutamente singulares e, por isso, sem nenhuma relação com outros discursos. A definição do corpus indiciário depende da inter-relação entre pequenos acontecimentos: que não é a proposta inversa de acúmulo ou da repetição do insignificante para se chegar a uma verdade universalizada e inquestionável, mas para que se deduza mais do que é insignificante. Tendo como ancoragem teórica as concepções bakhtinianas, analiso três dimensões: a lingüística, a discursiva e a estética e ética. Especificamente, discuto os recursos lingüísticos agenciados, os efeitos de sentido produzidos e o papel do discurso de emoção na organização dos processos de ensino e aprendizagem. A inscrição do afetivo na língua pode ser explicada se tomamos como objeto a linguagem que significa nas situações de interação entre interlocutores, sendo essa linguagem signo de qualquer coisa que não existe como materialidade concreta, mas que ela é constituidora enquanto signo afetivo. O discurso de emoção é signo do que pode ocorrer ao sujeito que, pondo-se no interior de uma situação de discurso, enuncia um estado afetivo em face do diálogo com a alteridade (Charaudeau, 2000). As emoções discursivizadas são carregadas de sentidos ativamente atribuídos no momento em que são enunciadas porque nascem como respondibilidade às ações de um outro contextualizado. Nos sentidos bakhtinianos do termo, resultam do encontro entre sujeitos que, vivendo e alimentando-se na interação com os outros, respondem aos atos afetivos a partir de interpretações e atribuições de sentidos.








Palavras-chave: Discurso; Emoções; Interação social; Ensino; Professores e alunos.

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