Resumo: Os marcadores discursivos (MDs) podem ser definidos, de forma geral, como um grupo bastante amplo de mecanismos verbais (vocábulos, pequenas cláusulas, expressões cristalizadas etc.) que atuam no nível pragmático, inscrevendo a enunciação no discurso, e textual, organizando coesivamente partes do texto (cf. Schiffrin, 1996; Risso et al., 1996). Realizam-se, freqüentemente, por usos não prototípicos de conjunções, preposições e interjeições. Suas propriedades têm sido encontradas em ocorrências discursivas análogas no latim. Caroline Kroon (1995, 1998) destacou um grupo de vocábulos latinos que pareciam conjugar as funções textuais-discursivas supramencionadas: nam, enim, igitur, ergo, autem, vero e at, desenvolvendo extensa pesquisa de seu funcionamento no texto. O objetivo central de nossa pesquisa é buscar a contraparte desse estudo, identificando e analisando a forma como a questão é desenvolvida por Donato (séc. IV d.C.), nas seções De coniunctione, De praepositione e De interiectione, contidos na sua Ars maior, e por Prisciano (séc. VI d.C.), nos livros XIV, parte do XV e XVI, de suas Institutiones grammaticae, que abordam as mesmas categorias gramaticais. Acreditamos, assim, encontrar informações sobre tais categorias, contempladas no âmbito das partes orationis (“partes da oração”), que veiculam propriedades de caráter pragmático e textual da língua latina, partindo das elaborações teóricas de Donato e Prisciano, para confrontá-las com as informações oferecidas pelos estudos lingüísticos da atualidade e buscar contribuir, em suma, com a produção de um conhecimento ainda não muito vasto entre nós sobre as línguas antigas.

Palavras-chave: Marcadores discursivos; Língua latina - Gramática; Língua latina - Preposições; Língua latina - Interjeição; Língua latina - Conjunções.