Resumo

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SUJEITO DEFICIENTE MENTAL E OS PARADOXOS DO CORPO, O

VERA REGINA MARTINS E SILVA

Orientador(a): Mônica Graciela Zoppi Fontana

Doutorado em Linguística - 2006

Nro. chamada: T/UNICAMP - M366s


Resumo:
O perfil do sujeito deficiente mental absolutamente corresponde ao modelo social vigente. Diante da não-escuta com que ele se depara, devido à sua fala caracterizada pela indistinção de vozes, rupturas, pelo embaralhamento do discurso do outro ao seu, ele lança mão de outras formas de fazer sentido. Não há como não fazer sentido, o sujeito é instado a (se) significar. Assim, o deficiente mental metaforiza, atravessando toda uma organização social, toda uma civilidade historicamente instaurada, para se subjetivar, para fazer sentido, invadindo o espaço do outro, com seu corpo de movimentos desajeitados, com seu excesso de toque. Convém lembrar, que assim como a língua, o corpo está submetido à gestão social. Não há lugar no mundo para corpos indisciplinados. Discursivamente falando, a falta constitutiva do deficiente mental se manifesta através de duas materialidades distintas: na língua pela fala caracterizada por indistinção e rupturas; no corpo pelo exagero e desordem dos movimentos. Se levarmos em conta que o interdiscurso é do nível da constituição e o intradiscurso é do nível da formulação, esta é que realiza o trabalho de juntar, alinhavar, costurar os sentidos dispersos no interdiscurso. Mas essas etapas são apagadas, para o próprio sujeito, pelos esquecimentos. No deficiente mental este processo é falho (?) - tanto na fala, como no corpo esses arremates são visíveis, ou seja, é o avesso da costura que salta aos olhos. Ao instaurar uma outra materialidade simbólica - o movimento do corpo no espaço - este sujeito produz uma resposta à incompreensão que a sociedade tem de sua linguagem verbal. O outro pode ignorar ou substituir sua fala desorganizada, mas não consegue ficar alheio ao espaço que o sujeito deficiente mental toma com seu corpo em movimento; seja pela simples perda desse espaço, seja pelo assujeitamento às regras sociais, seja pela civilidade que este outro corpo (do outro) assimilou... O sujeito deficiente mental tem na observação dos limites - identificar as fronteiras entre o que pode/deve ser feito e o que não pode/não deve ser feito - a sua maior dificuldade. Para este sujeito que mantém sempre atual a sua expressão primeira – os movimentos corporais - a mobilidade espacial constitui a garantia de formular sentidos, de (se) significar... Com seus movimentos desajeitados, com os alinhavos e arremates à mostra... Fora do paradigma, mas no sentido!

Palavras-chave: Análise do discurso; Corpo; Deficiente mental; Subjetividade.

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