Resumo

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QUIMERAS DISCURSIVAS DO PRESIDENTE LULA: AMBIVALENCIA EM GENEROS DISCURSIVOS

ANDRE LUIZ COVRE

Orientador(a): João Wanderley Geraldi

Mestrado em Linguística - 2007

Nro. chamada: T/UNICAMP - C838q


Resumo:
Dois são os eixos de perguntas provocadoras dessa dissertação. O primeiro eixo tenta abarcar o conjunto de reflexões possíveis sobre a produtividade do conceito de gêneros discursivos. O segundo eixo procura circunscrever o conjunto de questionamentos relacionados ao momento político brasileiro atual, especificamente referente às eleições presidenciais de 2002 e alguns discursos do Presidente Lula. Na primeira parte, me utilizo do surgimento – concomitantemente com a escalada política do principal partido de esquerda brasileiro (o PT ganhando prefeituras, governos estaduais e a presidência da República) – de uma contra-força dentro do universo midiático que se autodenomina mídia alternativa, para tentar compreender como as manifestações especificamente negativas do universo midiático (que denominei de grande mídia monopolista privada) em relação a qualquer esfera em que Lula esteja envolvido, produz na mídia alternativa uma tentativa de explicação das críticas negativas realizadas, além da crítica a crítica. Tal compreensão provoca dois caminhos: o da relação entre a “expressão lingüística materializada” e a “ideologia”; e o da cidade letrada e o jogo de/pelo poder na América Latina (trabalhado sobre a perspectiva do monopólio da palavra pela grande mídia monopolista privada). Desses caminhos surgiram as duas hipóteses que forjaram a escritura das análises: a) De que a fala de Lula, inserida dentro de gêneros do discurso, traz em si possibilidades de análises que levarão ao aprofundamento das questões discutidas sobre a hegemonia e o monopólio da palavra e da riqueza no Brasil atual; b) De que a produtividade do conceito de gêneros do discurso (compreendido como processo de intercruzamento de gêneros), depende de sua articulação com a filosofia de linguagem do círculo de Bakhtin, o que nos levaria, necessariamente, mesmo que de maneira não articulada em uma arquitetônica fixa e pré-determinada, a conceitos como memória/memória do futuro, tema/significação, ideologia/ideologia do cotidiano e enunciado, entre outros. Compreendo Lula como locutor que desliza em gêneros e, ao mesmo tempo, recostura-os como quimeras discursivas. Na medida em que Lula aceita a entrada inexorável dentro de um gênero constituído historicamente como oficial, dribla essa oficialidade trazendo gêneros produzidos nas esferas de atividades cotidianas. Impõe, com isso, um estilo peculiar, forçando o aparecimento da uma individualidade, também deslizante, múltipla e ambivalente. Ao quimerizar gêneros mais ligados às atividades quase efêmeras do cotidiano a gêneros conectados as atividades oficiais, Lula possibilita a aproximação dessas duas esferas (do cotidiano e oficial), e provoca no campo da oficialidade uma “política das astúcias”.



Palavras-chave: Gêneros discursivos; Discurso político; Mídia; Silva, Luis Inácio Lula da.

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