Resumo

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O INCONSCIENTE TEORICO: INVESTIGANDO ESTRATEGIAS INTERPRETATIVAS DE TERRA SÔNAMBULA, DE MIA COUTO

ANITA MARTINS RODRIGUES DE MORAES

Orientador(a): Suzi Frankl Sperber

Doutorado em Teoria e História Literária - 2007

Nro. chamada: T/UNICAMP - M79I


Resumo:
A preocupação na redação da presente tese foi tanto trazer elementos produtivos para a leitura das literaturas africanas, o que inclui a análise de Terra Sonâmbula, como tomá-las como pretexto de uma investigação teórica. Trata-se de um jogo de ir e vir, da literatura para a teoria da literatura, tendo em vista a novidade que essas literaturas podem trazer em termos de debate teórico, e, na direção inversa, tendo em vista a contribuição que uma demora na teoria pode trazer para a leitura dessas obras literárias. Na primeira parte (Traçando o percurso: em terra sonâmbula), apresentamos nossa leitura do romance de Mia Couto, articulando-a a análises de diferentes críticos. Lançamos, também, as inquietações que nos moveram a leituras e reflexões em âmbito teórico. A segunda parte (Desfazendo o traçado: recuo teórico) dividide-se em dois capítulos. O primeiro, “A palavra justa”, subdivide-se em dois: no primeiro subcapítulo, “Por uma poética do texto justo?”, desenvolvemos uma breve reflexão sobre a preocupação ética perpassando as teorias da representação dedicadas à questão da violência, do sofrimento e da opressão. O subcapítulo seguinte, “A poética do texto justo é pós-colonial?”, apresentará uma reflexão em torno do termo “pós-colonialismo”. No segundo capítulo, “A escrita culpada”, traçamos uma espécie de genealogia (entre tantas possíveis) da dicotomia escrita e oralidade. A terceira parte (Furtivo traçado: algumas considerações finais) tem o intuito de relacionar as duas partes anteriores, ou seja, retoma questões debatidas em âmbito teórico e questões relativas a Terra Sonâmbula, articulando-as. Na primeira parte da tese, duas estratégias de interpretação da composição do romance coutiano adquirem destaque: 1) a que enfatiza a busca de traços de oralidade no texto, sugerindo se que o intertexto com a oralidade determina a estrutura romanesca, sendo a camada dos contos e provérbios decisiva; 2) a que interpreta as estratégias de composição do romance à luz dos desafios que um evento de violência radical, como a guerra civil moçambicana, impõe à narrativa. O recuo teórico, que é empreendido na segunda parte, investiga alguns dos pressupostos destas duas estratégias analítico-interpretativas. No capítulo “A palavra justa”, primeiro capítulo da segunda parte, trataremos especialmente do instrumental analítico desenvolvido pelos estudos do discurso testemunhal (com destaque para as teóricas Jeanne-Marie Gagnebin e Shoshana Felman) e pelos estudos pós-coloniais (com destaque para Edward Said, Arlindo Barbeitos e Mudimbe). Nosso foco está na imbricação entre estratégias discursivas e posicionamentos ético-políticos, eixo das teorizações dos dois campos teóricos abordados. No segundo capítulo desta segunda parte, intitulado “A escrita culpada”, apresentamos o estudo da dicotomia escrita/oralidade, remontando a Rousseau e perpassando teóricos bastante demandados no âmbito dos estudos de traços de oralidade nas literaturas africanas: Vladímir Propp, Walter Benjamin e Paul Zumthor. A última parte será dedicada às considerações conclusivas. De certa forma, a estrutura da tese reflete nosso percurso investigativo, que foi da obra coutiana à investigação teórica, a partir de aspectos de sua fortuna crítica.


Palavras-chave: Literatura africana (Português)- História e crítica; Literatura moçambicana - História e crítica; Oralidade e escrita.

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