Resumo

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FAZENDA MARACUJA: SUA GENTE, SUA LINGUA, SUAS CRENÇAS

LUCIA MARIA DE JESUS PARCERO

Orientador(a): Tânia Maria Alkmin

Doutorado em Linguística - 2007

Nro. chamada: T/UNICAMP - P213F


Resumo:
Este trabalho tem como objetivo depreender as crenças, valores, e atitudes sobre a língua de uma comunidade afrodescendente a partir de duas perspectivas: dos próprios moradores da fazenda bem como dos moradores a outros mecanismos de coleta de dados. A comunidade denominada Fazenda Maracujá está situada no Município de Conceição do Coité, na região sisaleira do semi-árido baiano. Os estudos são desenvolvidos a partir dos pressupostos metodológicos da sociolingüística que estuda a língua não só no seu aspecto lingüístico, mas também na sua relação com questões sociais, portanto no extralingüístico. Assim, considerando-se que as atitudes lingüísticas e, portanto, as representações da língua e de suas variantes fazem parte do objeto da sociolingüística, acrescenta-se à concepção teórica mencionada a abordagem das representações sociais, segundo a qual uma atitude advém das representações que se fazem de um objeto (a língua). Desse modo, são essas teorias que, através das noções de conflito e contradição, dão suporte para justificar as crenças e julgamentos, nos discursos dos informantes a respeito da variante local. Em primeiro lugar, aborda-se o conjunto de variações lingüísticas que ocorrem nos níveis fonológico e morfossintático da comunidade, com o objetivo de fundamentar a discussão desenvolvida sobre as atitudes lingüísticas dos falantes e separam-se as variações mais gerais já incorporadas ao português brasileiro, daquelas que caracterizam o falar rural, sobretudo, nas regiões mais isoladas. Comparam-se estes resultados a estudos sobre outras variantes regionais, a fim de observar se há algum traço específico do português rural e/ou alguma construção ou palavras de origem africana em uso entre aquelas que são estigmatizadas na fala da comunidade. Com base na concepção de que uma variante lingüística carrega um conjunto de valores sociocultuais agregados às formas lingüísticas, o segundo aspecto a ser considerado refere-se à análise da língua do ponto de vista das relações sociais. Para isso, analisam-se os trechos sobre as atitudes e a avaliação da língua de acordo com o objetivo proposto, tomando-se o grupo GR1 (de informantes não escolarizados e que pouco saem da comunidade) como uma espécie de contraponto, confrontando-se seus discursos aos do GR2 (de informantes escolarizados que mantêm algum tipo de relação regular fora da comunidade) e do GR3 (de informantes da sede do município). A partir daí, observam-se as crenças, as atitudes preconceituosas materializadas na linguagem, produzidas dentro e fora da comunidade e que, de certo modo, podem contribuir para a estigmatização daquela comunidade.

Palavras-chave: Sociolingüística; Atitudes; Língua portuguesa - Variação; Comunidade.

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