Resumo

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SOBRESSALTOS: CAMINHANDO, CANTANDO E DANÇANDO NA F(R)ESTA DA PARADA DO ORGULHO GAY DE SÃO PAULO

MOACIR LOPES DE CAMARGOS

Orientador(a): João Wanderley Geraldi

Doutorado em Linguística - 2007

Nro. chamada: T/UNICAMP - C14S


Resumo:
Esta pesquisa, uma narrativa auto-etnográfica, pode ser dividida em três níveis, a saber: a) observação – fui à Parada como observador externo, curioso, para ver e constatar o que ouvia, ou seja, que aquilo era um mero carnaval fora de época dos viados. Então voltei e fiz um projeto para estudar a Parada de São Paulo; b) participação - com o projeto em mãos e já matriculado no curso de doutorado, fui à Parada com a intenção de pesquisar, coletar dados, tirar fotos, conversar com as pessoas, perguntar e ... terminei dentro da festa, dançando, beijando, enfim, participando do acontecimento; c) envolvimento – a partir desse momento me envolvi, fui como fotógrafo à Parada, participei, conversei com as pessoas, escutei histórias, mas como um paradista, ou seja, já estava dentro dela para viver, sentir e contar as minhas experiências e trans-formações... Para escrever a narrativa de minhas caminhadas, considerei a Parada como um misto de três pilares discursivos distintos. O primeiro deles é o discurso da rememoração que tem uma data, 28 de junho, para rememorar um fato – a agressão a gays no Bar novaiorquino Stonewall Inn em 1969. Assim, a partir desse fato histórico, podemos reivindicar nossos direitos. Esse discurso tem um caráter sério, “político” e consiste em recordar, relembrar um fato passado e mostrar que o preconceito continua de outros modos na sociedade atual. Por isso, a necessidade de uma reivindicação politizada e com seriedade para mudar os rumos da sociedade que discrimina. Uma Parada rememorativa seria o ideal para muitos militantes e muitos gays da cidade letrada (Rama, 1985) que iriam à rua usando terno, gravata (discretos) e levando cartazes com palavras de ordem e discursos “adequados”, isto é, políticos. Algo do tipo: Homossexuais de todo o Brasil, uni-vos! Seria o ideal para um dia de rememoração, mostrando a crise do presente e reivindicando por meio de protestos cívicos e civilizados. O segundo pilar discursivo é o da comemoração que, além de lembrar o passado, a agressão aos gays e a rebelião que houve no bar, volta ao presente e traz à memória para não esquecer os gestos heróicos do orgulho de ser gay. A data 28 de junho deve ser comemorada a cada ano, revivida de forma coletiva por meio da memória do acontecimento que é considerado o marco do movimento gay mundial. Esse discurso é representado pela exaltação da livre orientação sexual – gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transgêneros que se mostram na liberdade total durante o evento, beijam na rua, mostram o corpo... E como comemoração traz festa, este é o terceiro discurso presente na Parada – o discurso da festa. Como não há festa sem excesso, surge aqui o paradoxo: politizar sim, festejar em exagero não! Excesso somente de pessoas! A festa, que é coletiva, junta os dois outros discursos, isto é, ela rememora e comemora ao mesmo tempo com o grotesco, a música alta, a dança, a alegria, o riso, as extravagâncias, as cores e a carnavalização que exagera tudo e excede, trans-borda a cidade. O que os gays fazem é a festa que pré-domina e invade todos os espaços. A palavra de ordem da festa Bichas unidas, jamais serão vencidas! escandaliza, envergonha e horroriza a cidade letrada. A festa da Parada é o mais importante dos dispositivos comemorativos do Mês do Orgulho Gay (junho), pois, além dela há uma série de colóquios, exposições, apresentações artísticas etc. Mas muitos gostariam que fosse apenas uma rememoração mais do plano do subjetivo talvez (Rodrigues da Silva, 2006; Eylath, 1997).




Palavras-chave: Diálogos; Parada do Orgulho Gay; Linguagem.

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