Resumo: As mudanças que podem ser percebidas no atual discurso sobre as relações de trabalho são constitutivas das transformações ocorridas no processo capitalista de produção, que visa, em sua essência, substituir os modelos taylorista-fordista pelo toyotismo. Assim, a partir de meados dos anos 70 do século XX, inicia-se a gestão de uma nova economia política, denominada capitalismo flexível que acarreta profundas transformações no mundo do trabalho. Esta tese propõe-se a analisar o discurso sobre as relações de trabalho, no âmbito da administração, nas quais esse novo quadro se articula. A perspectiva teórica é a da Análise do Discurso, especialmente considerada a partir da concepção da semântica global formulada por Maingueneau (1984), que prevê o tratamento integrado dos diversos planos do discurso que definem uma prática discursiva. Os dados analisados foram colhidos na revista VOCÊ SA., publicação especializada em emprego e empregabilidade, sendo, portanto, considerados num campo institucionalizado, fato que implica o reconhecimento de condicionamentos materiais específicos, próprios do gênero midiático. As análises indicam que VOCÊ SA. alinha-se a uma formação discursiva que defende a necessidade de mudanças profundas nas relações de trabalho, inclusive naquilo que diz respeito à constituição de uma nova subjetividade para os profissionais. As fronteiras dessa formação discursiva situam-se no interior do discurso capitalista, atualizado nas prerrogativas do neoliberalismo e da globalização.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Semântica global; Subjetividade; Trabalho; Mídia.