Resumo: Esta dissertação tem como propósito mostrar uma forma de compreender as produções escritas de dois sujeitos, que estudavam na mesma sala de aula, a partir das relações intergenéricas propostas por Bakhtin (1979). Para isso, considero em minhas reflexões que toda escrita é uma articulação de gêneros discursivos, cotejados pelos sujeitos ao se relacionarem com seu(s) interlocutor(es). Para considerar as relações intergenéricas nos gêneros discursivos escritos dos sujeitos, parti de uma pesquisa etnográfica que se iniciou na sala de aula e que também abarcou os bairros e as casas desses sujeitos. Feito este percurso, apresento e discuto as características que singularizam cada um desses dois sujeitos, passando pela própria rotulação feita pela professora de português deles (um era ‘ruim’ e outro era ‘bom’). Estabelecidos os traços de singularidade pela comparação entre os dois sujeitos, aponto que a diferença entre eles, diferença que só construí a partir de minha interação com eles, a qual possibilitou a co-construção da singularidade das relações intergenéricas, remete às diferentes concepções de escola presentes na forma como trabalham suas escritas e na própria interação comigo durante a pesquisa. Nessas duas concepções de escola estão imbricadas também diferentes concepções de letramento, mostrando que um desses sujeitos constrói discursivamente suas representações de escola, de escrevente e de aluno ‘da escola para a vida’ e o outro, ‘da vida para a escola’.
Palavras-chave: Gêneros discursivos; Letramento; Subjetividade; Ensino.