Resumo

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O EFEITO DOS ESTIMULOS AUDITIVO E VISUAL NA PERCEPÇÃO DOS MARCADORES PROSODICOS LEXICAIS E GRAFICOS USADOS NA ESCRITA DO PORTUGUES BRASILEIRO

VERA PACHECO

Orientador(a): Luiz Carlos Cagliari

Doutorado em Linguística - 2006

Nro. chamada: T/UNICAMP - P115e


Resumo:
A percepção da fala pode ser entendida como produto da audição (Teoria Quântica), da visão (Teoria Motora) ou, ainda, pela ação conjugada da audição e da visão (efeito McGurck). Para que o processo de percepção seja completo, é requerida a decodificação da mensagem contida no percepto, que pode ocorrer a partir de um acesso top-down (descendente) ou bottom-up (ascendente) às informações dos diferentes níveis. Considerando que a percepção da fala conta com informações visuais, a presente tese busca investigar a ação dos estímulos auditivo e visual na percepção de recursos gráficos, ou marcadores prosódicos, usados na escrita do Português Brasileiro com a função de representar graficamente variações prosódicas. Dentre os diferentes tipos de marcadores descritos na literatura, foram objetos de investigação desta pesquisa aqueles que são palavras escritas e cuja carga semântica indica variações prosódicas, sendo, portanto, Marcadores Prosódicos Lexicais (MPL), e aqueles que são marcas gráficas, Marcadores Prosódicos Gráficos (MPG), em particular, os sinais de pontuação, cujo sentido convencionado tem o mesmo efeito da carga semântica dos MPLs. Os MPLs são recursos gráficos usados para indicar, na escrita, atitudes do falante, enquanto os MPGs tendem a indicar variações prosódicas mais diretamente relacionadas ao processo dialógico. Considerando que esses recursos gráficos possuem uma realidade visual e uma realidade auditiva, objetivou investigar a ação dos estímulos auditivo e visual na percepção desses marcadores. Para tanto, foi delineado um design experimental, no qual foram controladas as frases-alvo sob escopo dos marcadores: MPLs: gritar, dizer baixo, berrar, sussurrar, dizer rápido e dizer devagar; MPGs: dois pontos, exclamação, interrogação, ponto final, reticências e vírgula; bem como foram controlados os contextos em que essas frases apareceriam. Foram gravadas as leituras em voz alta dos textos com as frases-alvo. Para controle da ação dos estímulos auditivo e visual, foram consideradas 6 condições experimentais: 2 condições mono modais auditiva e visual, 4 bi modais: 1 com coincidência entre as informações auditivas e visuais; 1 com estímulo auditivo sem variação melódica e 2 em condição de mismatch, desencontro das informações dos estímulos auditivo e visual). Nas condições bi modais, os estímulos auditivo e visual foram apresentados simultaneamente de forma sincronizada. O teste de percepção foi aplicado com cada informante, a quem foi solicitado para informar em voz alta, através de um número específico, o marcador prosódico que o informante tinha observado. Foi medido o tempo de reposta de execução dessas tarefas. A partir das repostas dadas pelos informantes, foram obtidas as variáveis porcentagem de escolha do marcador presente no estímulo auditivo e de escolha do marcador presente no estímulo visual e porcentagem de escolha do marcador diferente daqueles presentes nos dois estímulos. A variável velocidade de leitura foi obtida para cada informante. Os dados foram submetidos a testes estatísticos de normalidade, comparação de médias e reamostragem. Os resultados obtidos evidenciam participação diferenciada dos estímulos auditivo e visual na percepção dos MPLs e dos MPGs. Partindo desses dados, o processo de percepção e reconhecimento dos marcadores prosódicos são discutidos à luz das teorias da percepção e reconhecimento da fala.

Palavras-chave: Percepção da fala; Ritmo; Escrita; Visão; Audição.

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