Resumo

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TELICIDADE E DETELICIZAÇÃO: SEMANTICA E PRAGMATICA DO DOMINIO TEMPO-ASPECTUAL

RENATO MIGUEL BASSO

Orientador(a): Rodolfo Ilari

Co-orientador(a): Edson Françozo

Mestrado em Linguística - 2007

Nro. chamada: T/UNICAMP - B295t


Resumo:
O presente trabalho é uma investigação do fenômeno da detelicização, representado por sentenças como “João leu o livro por 1 semana”, na qual temos um evento télico (i.e., que tem um ponto final não arbitrário) seguido por um adjunto do tipo “por X tempo”, que, segundo a literatura, é incompatível com eventos télicos. Dado essa alegada incompatibilidade, várias das teorias que tratam da detelicização a abordam como um caso de coerção ou “type-mismatch” para dar conta do fato de que os falantes aceitam esse tipo sentença. Para proceder a tal investigação, inicialmente apresentamos o quadro teórico que adotamos, segundo o qual os fenômenos tempo-aspectuais devem ser tratadas levando-se em conta a separação e interação de seus sub-domínios: (i) referência temporal, que responde pela localização de eventos numa suposta seta do tempo, e é, portanto, o componente dêitico; (ii) aspecto, que é a representação, feita subjetivamente pelo falante, de um evento como concluso ou inconcluso; e (iii) acionalidade, sub-domínio que diz respeito ao tipo de evento em questão. O objetivo do segundo capítulo é entender melhor o conceito de telicidade e como ele é apreendido pelas teorias tempo-aspectuais contemporâneas. Esse passo é imprescendível, pois somente eventos télicos podem passar pelo processo de detelicização. No terceiro capítulo apresentamos em detalhe a detelicização, definida como a apresentação de um evento interrompido, ou seja, um evento télico que se inicia e pára sem, no entanto, alcançar seu ponto final, seu telos. Depois de caracterizar esse fenômeno, esboçamos uma teoria semântico-pragmática que visa a capturá-lo, assim como esmiuçar o que é propriamente semântico e o que é pragmático no estudo dos fenômenos tempo-aspectuais. Por fim, no quarto capítulo efetuamos dois experimentos psicolingüísticos que visavam a verificar a existência de alguma contraparte empírica (i.e., tempo de leitura) da coerção ou “type-mismatch” postulados para sentenças como “João leu o livro por uma semana”. A análise dos experimentos revelou que não há qualquer diferença significativa entre o tempo de leitura de, por exemplo, “João leu o livro por uma semana” versus “João leu o livro em uma semana”. Assim, diante desse resultado experimental e da teoria aqui esboçada, dispensamos como um todo o apelo a expedientes como coerção para entender a detelicização.

Palavras-chave: Aspectos verbais; Semântica; Pragmática; Psicolingüística; Gramática.

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