Resumo

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VOLTAS COM BABEL, AS: DERRIDA E A TRADUÇAO (CATACRÉSTICA)

FRANCISCO DE FATIMA DA SILVA

Orientador(a): Paulo Roberto Ottoni

Doutorado em Linguística Aplicada - 2006

Nro. chamada: T/UNICAMP - Si38v


Resumo:
Nosso objetivo foi caracterizar um tipo de tradução observada nos textos de Derrida. O foco de nosso empreendimento foi o ensaio de intitulado “Des tours de Babel” (“Às voltas com Babel”) que teve sua publicação em livro numa situação de tradução, traduzido para o inglês, em Difference in translation (Ed. Graham), traz como apêndice sua versão em francês que seria republicada dois anos mais tarde em Psyché: inventions de l’autre I. Além dessa tradução, foi ainda vertido para o espanhol, por Olmedo e Peñalver, para o italiano, por Rosso e para o português brasileiro, por Barreto. Mesmo com a existência de sua tradução em português, a decisão de retraduzi-lo foi possibilitar uma leitura crítica fundamental para o nosso trabalho de análise. Para tanto, tomamos de empréstimo as figuras da retórica, em especial, a catacrese para falar da tradução em Derrida. O interesse pelo tema geral da tradução em Derrida se justifica por seu caráter praticamente inédito no âmbito das reflexões realizadas no Brasil, não fosse o empenho do grupo de pesquisa, intitulado Traduzir Derrida: políticas e desconstruções, que procura preencher essa lacuna, na qual se insere a presente pesquisa. Após ter justificado a escolha do tema, passamos a esboçar a problemática que guiou essa pesquisa. Derrida lança mão de mecanismos retóricos, tais como os tropos, com o intuito de refletir sobre a tradução, sempre dentro de uma linguagem filosófica, tendo como pando de fundo, o texto de Benjamin, “A tarefa do tradutor”, procurando suplementar Benjamin de várias formas. Explorando, principalmente as antinomias do discurso benjaminiano sobre a tradução, Derrida constrói um discurso no qual surge a questão do nome próprio, sua quase intraduzibilidade, problematizando definições de tradução como a de Jakobson; discorre sobre a questão da dívida a que se submete o tradutor e interpreta as metáforas benjaminianas, por meio das quais comenta noções como direito de autoria, verdade, código religioso e assinatura. A dificuldade maior de nossa tese está em construir um discurso sobre a tradução, em Derrida, que leve, em conta seus múltiplos aspectos, suas muitas metáforas, bem como lidar com a impossibilidade de reduzir um texto como tal a seus efeitos de sentidos, de conteúdo, de tese ou de tema. A hipótese diretiva de nossa pesquisa é a de que a boa tradução deve abusar, como num efeito de torção do sentido. O ato tradutório se encontra sempre em uma situação aporética, num interminável double bind. A tese se estrutura em partes assim denominadas: “Observações introdutivas” procura refletir de forma geral sobre a tradução do ensaio, discutindo ainda a questão do método, questionando se haveria um método da desconstrução, e por conseqüência, da tese que trata da desconstrução em tradução. “A este título intraduzível: observações sobre a homofonia em Des tours de Babel” trata da intraduzibilidade e as conseqüências de se traduzir o título do ensaio de Derrida. Partindo de uma discussão sobre a homofonia, fala-se sobre o jogo de palavras que se perde ou se ganha na tradução para remeter finalmente à questão do abuso na e da tradução. A análise se concentra principalmente nas notas das traduções do ensaio que procuram justificar a tradução ou a não tradução do título. “Da tradução catacréstica em Derrida: a retórica da invenção”, destaca-se uma postura freqüente nos textos de Derrida: o recurso à aposição de notas e a inserção de palavras na língua de origem do texto analisado. Um tipo de tradução que denominamos de catacréstica. Trata-se ainda da questão da fetichização, da metáfora no ato tradutório e da conceituação no interior do discurso da tradução em especial em Derrida. “Os nós do intraduzível: indecidibilidade” focaliza a indecibilidade do sentido, da significação. Partindo da noção de que há uma produção de sentido, desconstroi-se o argumento que haja um significado intrínseco. propõe ainda o questionamento sobre a crença geral dos críticos na possibilidade da existência de um significado imanente ao dito original, fazendo-nos refletir sobre “essência do significado” e suas implicações para a tradução. O que nos interessa particularmente aqui é a hipótese de Derrida sobre a instabilidade do significado de qualquer texto, um pressuposto que se revela nos posicionamentos em relação à tradução que serão abordadas nessa tese. “Desconstruções ou Retórica do Canibalismo?” teve como objetivo provocar o leitor em relação ao que seria mais típico em termos de desconstrução no Brasil, fazendo uma possível relação com o canibalismo. A denominação “tradução catacréstica” surge de uma catacrese, a torre de Babel, que Derrida utiliza para pensar e traduzir a própria tradução, que neste caso, caracterizar-se-ia pela questão do comentário, da aposição de notas e da propensão ao uso de palavras estrangeiras, sempre em situação parentética. Se não é um caráter exclusivo, são essas características que a definem, conquanto que ela esteja dissolvida dentro de um comentário mais geral, de caráter mais filosófico, como se quer demonstrar neste trabalho.

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