Resumo: Esta dissertação lida com os conceitos de obra aberta, vanguarda e kitsch, nas obras teórico-críticas do semiólogo italiano Umberto Eco, com o objetivo de observar como o conceito de obra aberta esclarece e fundamenta uma dialética entre norma e invenção, em artes, e entre vanguarda e kistch, no cenário artístico contemporâneo. Na primeira parte, revisamos as bases epistemológicas de Eco, em particular os trabalhos de Luigi Pareyson e dos formalistas russos; em seguida, tratamos dos principais conceitos de sua teoria semiótica, a fim de compreender (a) o conceito de abertura, mediante a dicotomia entre mensagens estéticas e mensagens referenciais; (b) como a abertura promovida pelas mensagens estéticas desafiam os hábitos interpretativos impostos pelo uso repetitivo das mensagens referenciais; e (c) como é possível, a partir disso, construir uma ideologia contestadora. De posse de um modelo estrutural, buscamos compreender como se dá a dialética entre vanguarda e kitsch, analisando as suas respectivas implicações ideológicas face aos argumentos anteriores. Na segunda parte, propusemos uma discussão da poética do Pós-modernismo com base nas reflexões acima, evidenciando a sua possibilidade de difundir, mediante uma linguagem paródica, uma ideologia contestadora, na medida em que ela exibe um elevado grau de abertura. Finalizamos com um breve estudo dos romances de Eco, apontando para uma contradição entre o que ele postula como valor artístico no plano teórico e o que ele produz como ficcionista.