Resumo: Este trabalho consiste na investigação das formas de apropriação dos eventos que ocorreram no dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, pelo discurso oficial e pela mídia. Este "trabalho de apropriação" está sendo visto a partir da análise de alguns processos lingüísticos. A análise privilegia as formas de nomeação utilizadas em referência ao evento em si, ao agressor, ao agredido e ao tipo de ameaça que os eventos em questão supostamente implicam. O conjunto dos sentidos de tais expressões constitui a dimensão do que estou chamando de macro-objeto "11 de setembro", construção que materializa as principais tensões que atravessam o campo da linguagem, e que estou chamando de "guerra na língua". Nesse sentido, esse trabalho se volta para investigar os mecanismos de construção desse macro-objeto, a força retórico-performativa de tais mecanismos, no que diz respeito à construção de representações, e suas implicações ético-políticas no horizonte das atuais tensões mundiais. A análise proposta neste trabalho orienta-se por uma visão dialógico-performativa da linguagem, no sentido dado a esses termos por teóricos como Bakhtin, Austin e Bourdieu, e por uma visão de interpretação proposta pela desconstrução, de Jacques Derrida, para quem a atividade desconstrutora é, sobretudo, um trabalho de intervenção que procura desestabilizar as propriedades estruturais de uma construção, para, mostrando os elementos que a tornam possível, destacar a necessidade de sua transformação