Resumo: A presente dissertação investiga as reivindicações de gênero em práticas discursivas da escola de meditação Brahma Kumaris. PArto de uma interpretação de que os conceitos centrais sobre os quais o presente trabalho se debruça, isto é, 'gênero' e 'identidade', ao invés de constativos, são performativos. Sua existência não se dá anteriormente à linguagem; ao contrário, eles precisam ser performativamente reivindicados, iteravelmente, isto é, para o outro e novamente, na história de sua própria exibição. Procedo, nesse sentido, a uma certa leitura da teoria dos atos de fala, desenvolvida inicialmente por John Langshaw Austin. A visão radical do performativo, segundo a qual a linguagem é, eminentemente, performativa é aqui informada pelo trabalho de leitura e intervenção no pensamento de Austin empreendido por Kanavillil Rajagopalan, Jacques Derrida, Judith Butler e Shoshana Felman. Abordo os dados segundo uma metodologia qualitativa, que vê na performatividade da linguagem indícios para o próprio tratamento do dado. As análises revelam que a reivindicação das identidades de gênero brahmins, calcada na visão de que somos almas e não corpos, constrói, performativamente, gênero (puro) que tem de conviver com sua condição humana, demasiado humana vinculada ao corpo e ao inconsciente, ao ato (ao mesmo tempo) de fala e falho.