Resumo: A presente dissertação analisa três autos vicentinos - Auto da Sibila Cassandra (1512/13), Breve Sumário da História de Deus (1527?) e Auto da Cananéia (1534) -, os quais apresentam analogias importantes com as representações litúrgicas de finais da Idade Média e assimilam uma visão teológica da História caracterizada pela presença da alegoria factual. Esta é, como se sabe elemento central de uma forma de interpretação bíblica, sedimentada já na Antigüidade cristã, segundo a qual o Antigo Testamento é uma configuração do Novo, a compreensão dos dois tornando possível a apreensão de acontecimentos futuros. Nos autos vicentinos, ela é incorporada como elemento de sua composição. Neste sentido, nosso principal objetivo é descrever como a interpretação teológica, pautada pela alegoria factual, torna-se elemento cênico e poético na constituição das referidas peças.