Resumo: O presente trabalho tem o interesse de refletir sobre um tipo especial de enunciação, que é a "Enunciação Proverbial", através do aparato teórico da Teoria Polifônica ducrotina, da Semântica Enunciativa (discursiva). A análise do discurso de linha francesa, além de considerações mais específicas sobre alguns conceitos filosóficos foucaultianos sobre a verdade e seus efeitos. Refletimos sobre a possibilidade de se observar o funcionamento enunciativo proverbial dentro de sua materialidade lingüística e discursiva, ao invés de abordar a forma proverbial isoladamente com fins meramente ilustrativos nesta ou naquela teoria. Refletimos sobre a polifonia nesse funcionamento enunciativo que reúne/mistura instâncias distintas de "verdade": o político, o jurídico e o religioso. Consideramos que a enunciação proverbial seja um lugar em que determinados valores são reproduzidos por uma voz coletiva, autorizada e reconhecida, em que o locutor está dividido entre um dizer (e um fazer sentido) individual e coletivo. Além disso, observamos o funcionamento que relaciona/intrinca o discurso político á verdade, as formas institucionais da verdade e as formas populares de da verdade. É justamente nessa verdade popular que a "voz do povo" aparece materializada, formalmente, pelo provérbio no discurso político, entremeando-se a outras "verdades" institucionais. Partindo do princípio de que a produção de efeitos de verdade não se verifica em relação ao estado de coisas, mas se realiza a partir da memória, (das enunciações anteriores) e no seu acontecimento enunciativo e discursivo, observamos a enunciação proverbial presente nos proferimentos parlamentares, realizados nas sessões do Senado e publicados na internet. Analisaremos tais proferimentos em que, dada a enfática "preocupação" com a verdade, cria-se o mecanismo da CPI para restabelecê-la.
Palavras-chave: Provérbios; Enunciação; Discursos parlamentares; Verdade.