Resumo

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EFEITO DE UMA OPERACAO SOBRE A FALTA...

RENATA MAZAFERRO

Orientador(a): Claudia Thereza Guimaraes Lemos

Mestrado em Linguística - 2004

Nro. chamada: T/UNICAMP - M456e


Resumo:
Qual a eficácia simbólica (função) das histórias infantis (contos maravilhosos) na trajetória da criança pela linguagem? Eis a questão que move essa pesquisa. Cabe esclarecer que o termo 'histórias infantis' está numa referência ao efeito que uma narrativa ficcional produz sobre um sujeito e que o sentido de 'infantil' fundamenta-se na concepção freudiana. Dentre os fenômenos nos quais é possível verificar a presença de fragmentos provenientes desse tesouro popular, dois deles foram eleitos para a investigação: o sonho e a fala da criança. O eixo do presente estudo é o sonho dos lobos, exposto no relato clínico 'História de uma neurose infantil' (Freud: 1914): trata-se de um sonho de infância inerpretado na análise do paciente em sua maturidade (retroativamente). Na leitura don caso foi destacada a insistência do significante 'postura' na história do sujeito, a qual ilustra a articulação entre real do corpo (o sexual, o infantil atualizado nos sintomas da juventude) e linguagem (trata-se de um significante que - retroativamente - convoca um outro significante, na cadeia).Tanto na 'de-cifração' do sonho quanto na narrativa da criança (independentemente de sua posição na relação com a linguagem) foi constatado que as histórias infantis foram desfeitas para serem refeitas. No entanto, não há uma equivalência entre sonho e fala da criança. As histórias infantis abrem uma janela para que o traumático (o real, o sexual) compareça e oferecem significantes chaves para a elaboração da passagem edípica, os quais não têm um significado pré-estabelecido; não se trata de um conjunto de signos que representaria alguma realidade extralinguística. O que constitui propriamente o maravilhoso é a dimensão do impossível. Nos contos maravilhosos, tudo é possível, isto é: o desejo de preencher o vazio existente entre coisas e palavras (um preenchimento da ordem do impossível) não é questionado. Tal desejo afeta a estrutura, opera sobre a falta - o impossível de simbolizar cujo traço insiste - ew produz como efeito o 'des-fazimento' das histórias (também na construção do fantasma). A literatura infantil alimenta o desejo, cuja função é situável pela linguagem: "[...] existe desejo porque existe inconsciente, isto é, linguagem que escapa ao sujeito na estrutura e nos efeitos [...]" (Safouan, 1970: 32).


Palavras-chave: Psicanálise; Aquisição da linguagem; Narrativa; Ficção.

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