Resumo: A partir da questão das relações entre literatura e história, procede-se à leitura crítica do Romance d'A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, uma narrativa que, em sua execução e propósitos, revela-se como discurso reorganizador da história dos movimentos sebastianistas nordestinos por intermédio da ficção. A investigação incide sobre o processo de escritura do narrador Quaderna, procurando entender como se constrói a ressemantização do referente histórico para transformá-lo em matéria romanesca e como a enunciação do narrador opera a "correção" do discurso historiográfico. A tese que circula neste trabalho é a de que o procedimentos de refiguração do mito sebastianista na narrativa de Suassuna articulam-se a uma concepção armorial do fazer poético, ao mesmo tempo em que constitui uma utopia revolucionária. Por isso, o sentido da interpretação é o desvendar o jogo de linguagens que sustenta o projeto romanesco de Quaderna/Suassuna, para colocar em destaque os artifícios de escrita que são mobilizados para concretizar a esfera de representação ficcional, de forma a deslindar em que consiste a especificidade da mescla de formas que perpassa o romance, definindo-lhe o modo de ser.
Palavras-chave: Ariano Suassuna; Literatura brasileira; Literatura e historia; Critica.