Resumo: Apresentamos um estudo sobre a leitura e compreensão da anáfora conceitual (AC) representada por um Pro [+P1] que remete a um antecedente textual não-correfencial, um SN ou N [-P1]. Essa anáfora está relacionada ao seu antecedente conceitualmente e, para explicar isso, usamos a Teoria dos Frames, de BARSALOU (1992). Essa teoria nos permite explicar como os leitores relacionam, conceitualmente, dois itens lexicais (anáfora e antecedente) num texto, a partir de seus conhecimentos contextuais e de mundo. Testamos em alunos universitários a leitura das anáforas conceituais, realizando dois tipos de experimentos, um off-line e outro on-line. No primeiro, procuramos verificar se os sujeitos seriam capazes de identificar os referentes das anáforas e se reconheceriam a AC como gramaticalmente correta e coerente. No segundo, verificamos o tempo de leitura da AC e o comparamos com o da AP. Pretendíamos demonstrar que a AC exigiria um maior custo cognitivo que a AP, assim, os leitores demorariam mais tempo para lê-la. Os experimentos off-line demonstraram que os sujeitos compreendem a AC. Apesar de, no teste on-line, não haver diferença significativa entre a leitura de AC e de AP, tudo leva a crer que os sujeitos usaram estratégias de leitura diferentes, pois alguns se baseiam na não concordância entre a AC e seu antecedente, e outros não. Dessa forma, pode-se afirmar que a leitura é um processo dinâmico e que a influência do leitor nesse processo é extremamente relevante, pois pode utilizar estratégias diferenciadas para construir o sentido do texto.
Palavras-chave: Conceitos; Coerência; Cognição; Psicolinguística; Coesão (Linguística)