Resumo: O objetivo do presente estudo foi identificar e analisar as atitudes lingüísticas de alguns estudantes diante do seu próprio dialeto, particularmente em relação à pronúncia do /r/ retroflexo. Os informantes são naturais da cidade de São José do Rio Preto (SP) que têm permanecido na cidade de Campinas (SP) desde que iniciaram seus estudos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Devido ao estigma que recobre a realização da aproximante retroflexa, pronúncia típica das cidades do interior de São Paulo, postulamos a hipótese de que os estudantes tentam acobertar essa pronúncia. Para comprovar essa hipótese, realizamos entrevistas individuais com oito estudantes: quatro destes estão iniciando a graduação e os outros quatro estudantes estão se graduando. Consideramos como objeto de estudo a fala informal desses estudantes e como objeto específico a variação do /r/ em posição de coda. As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise acústica, constituindo-se, então, no corpus desta pesquisa. Os resultados deste estudo demonstraram a efetividade do estigma e evidenciaram o estereótipo relacionado à variante aproximante retroflexa. Dessa forma, para não pronunciar a variante estereotipada, os estudantes “optaram” por outras variantes: a aproximante alveolar e vogal colorida, uma vez que as avaliam como uma forma prestigiosa. Os estudantes também julgam que as variantes aproximante alveolar e vogal colorida representam uma pronúncia “intermediária”, característica do dialeto de Campinas.
Palavras-chave: 1. Sociolingüística. 2. Lingüística - Atitudes. 3. Língua portuguesa - Dialetos - São José do Rio Preto (SP). 4. Estereótipo (Psicologia). 5. Dialeto caipira.