Resumo: Este trabalho é uma reflexão sobre a produção escrita de Elaine, uma jovem com surdez bilateral profunda, sob o ponto de vista da psicanálise. Isso significa i inclusão do sujeito como efeito de linguagem, e, que a produção escrita é aqui considerada como a manifestação de uma escrição subjetiva. A opaco pelos conceitos psicanalíticos abre um lugar de oposição relativamente aos métodos de observação, à marginalização do singular e à noção de desenvolvimento. Assim, sigo a linha aberta por Freud quanto a iluminação dos processos ditos "normais" pela exploração da patologia com Leite (1999) que a integridade do organismo não constitui condição suficiente para a aquisição da linguagem, no sentido de que a inclusão do sujeito na língua não configura um ato redutível à esfera cognitiva ou mesmo biológico, mas leva a considerar a estruturação do sujeito em uma trama confeccionada na lógica da efetuação da função da fala no campo da linguagem. O conceito de linguagem aqui adotado me permitiu analisar os textos escritos tematizando a relação corpo/linguagem. Estabelecer essa relação é poder dizer algo da constituição da estrutura psíquica de Elaine, do que pode Ter se inscrito no corpo e o que disso presentifica-se como efeito na escrita. Para tanto, trago a hipótese da origem da escrita que resultou das pesquisas freudianas retomados por Lacan. Essa hipótese fundamenta minha tese de que a relação de Elaine com a escrita reflete uma estruturação psíquica, fruto da singularidade característica com que cada sujeito entra no simbólico ao contrario de Ter sido determinada somente por procedimentos educacionais.
Palavras-chave: escrita; surdez; corpo; significante