Resumo

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INDEFINIDO, ANAFORA E CONSTRUCAO TEXTUAL DA REFERENCIA

MARIA LUIZA CUNHA LIMA

Orientador(a): Ingedore Grunfeld Villaça Koch

Co-orientador(a): Edson Françozo

Doutorado em Linguística - 2004

Nro. chamada: T/UNICAMP - L628i


Resumo:
Nesta tese procuramos refletir sobre as ocorrências anafóricas de expressões nominais indefinidas, tentando, por um lado, entender melhor o emprego do artigo indefinido (um) e, por outro, investigar estas ocorrências à luz de seu processamento psicolingüístico. Partimos da perspectiva teórica da língua como ação conjunta e como um fenômeno, a um só tempo, social e cognitivo. Nesta perspectiva, a referencia é vista como um processo realizado na interação. As ocorrências anafóricas de expressões nominais indefinidas não foram normalmente previstas nas teorias semânticas sobre o indefinido, que em geral preconizam que este pode, apenas, servir como introdutor de referentes. No entanto, a existência dos indefinidos anafóricos foi apontada por alguns autores (como Koch e Schwarz). Neste trabalho, levantamos e analisamos um pequeno corpus de ocorrências de indefinidos anafóricos. Contrariamente ao que tradicionalmente tem sido dito nas tradições semânticas, o indefinido pode funcionar como anafórico em duas situações especificas. Em primeiro lugar, quando a relação anafórica expressa é o tipo parte-todo, que vai incluir ocorrências partitivas e especificadoras. O segundo tipo de anáfora com indefinido acontece quando a ou frase contém a expressão nominal indefinida não apresenta nenhum verbo finito que expresse um evento diferente do evento no qual o antecedente tenha sido introduzido, ou quando este verbo finito aparece em orações relativas. Existe, portanto, uma relação entre o verbo e o estabelecimento dos referentes das expressões nominais indefinidas. Para juntar evidencia de natureza psicolingüística a esta hipótese realizamos dois experimentos. O primeiro consistiu e m um teste de aceitação de pares de sentença que variam quanto a Ter uma expressão nominal definida ou indefinida seguida ou não por verbo finito. O teste mostrou que, consistentemente, a introdução do verbo finito implicava no estabelecimento de um novo referente, enquanto a ausência desse verbo (ou sua presença numa oração relativa) levaram à leitura de manutenção referencial. Em seguida, os mesmos pares de sentença foram utilizados para a realização de um teste que media os tempos de leitura das expressões da sentença. Esse segundo experimento revelou um tempo de leitura do verbo da Segunda sentença significativamente mais longo quando este seguia uma expressão nominal indefinida do que quando seguia uma expressão nominal definida. Isto parece confirma que a leitura d verbo exige um trabalho cognitivo extra nesta situação, presumivelmente o trabalho de estabelecer um referente novo. Esta conclusão tem implicações para os modelos cognitivos do processamento de expressões referencias, indicando que a interpretação destas expressões acontece de forma distribuída ao longo do texto, o que traz evidencia psicolingüística para a possibilidade de um processo de referenciação como uma construção na dinâmica textual

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