Resumo

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MOLDURAS PARA O VAZIO: DUAS OBRAS DE CLARICE LISPECTOR

FLAVIA TROCOLI XAVIER DA SILVA

Orientador(a): Vilma Sant'Anna Arêas

Doutorado em Teoria e História Literária - 2004

Nro. chamada: T/UNICAMP - Si38m


Resumo:
Detendo-se sobre A paixão segundo G.H. e A hora da estrela de Clarice Lispector, este texto propõe analisar algumas variações do impasse que se delineia no primeiro romance da autora, a saber: a divisão tanto das personagens quanto dos narradores entre "viver" e " saber que se está vivendo". O "saber qye se está vivendo" também será lido como lugar do dizível e da máscara pertencentes à ordem simbólica. O "viver" aponta para aquilo que escapa à tal ordem e resta enquanto indizível, enquanto vazio. Se falo numa máscara simbólica, falaria também numa máscara imaginária. Esta é a que G.H. sustenta até a entrada no quarto da empregada e corresponde a uma identidade petrificada que encobre o vazio. Aquela liga-se tanto a um certo saber sobre o vazio e sobre a divisão quanto a um poder dizer. Através dos rastros da empregada, a máscara imaginária sofre um abalo que permite a irrupção do vazio e da barata. O gozar da barata apontará tanto para o indizível quanto para uma subjetividade dividida entre tal gozo indizível e a palavra que tenta recuperá-lo. A impossibilidade está circunscrita. Ainda que marca do indizível no texto de A hora da estrela, Macabéa suscita impasses diferentes daqueles engedrados pela barata. Se a barata se increve na ordem daquilo que está puramente vivo, Macabéa não, deslocando a comparação. Se G.H. pode saber e dizer da divisão e da impossibilidade de simbolização, Macabéa não. Macabéa passa da impossibilidade à impotência. O que alarga as zonas de impossibilidade de produção de sentido no discurso do narrador. As contradições em que reacai o narrador diferem dos´paradoxos de G.H..Estes dizem fundamentalmente da divisão subjetiva, aquelas dizem de uma ética possível para manter uma diferença radical que escapa à compreensão e à resolução: a subjetividade que Macabéa não pode dizer. Dívida que a literatura não paga, apenas emoldura. Subordinação da máscara imaginária à máscara simbólica, irrupção do vazio e seu bordejamento pela ordem simbólica, fragmentação, criação, tais são as questões que me conduziram aos textos de Virginia Woolf, não para buscar uma resposta, mas sim para reconfigurar a indagação. Nesse ponto, emerge com vigor a questão do foco narrativo, enquanto feixe de diferenças engedradas na perspectivação através da primeira e da terceira pessoa do discurso, e da unidade da obra.

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