Resumo: Esta tese analisa as propriedades sintáticas e semânticas das construções com verbos leves (CVLs) do português do Brasil. Em especial, são observadas as CVLs formadas com o verbo leve dar e uma nominalização em -ada. A análise dessas construções é sugerida a partir da associação de noções internas ao modelo da Morfologia Distribuída (veja Halle e marantz 1993) à idéia de que a estrutura interna das eventualidade denotadas pelos predicados verbais se decompõe em subeventualidades que estabelecem entre si uma relação de implicação (veja Hale & Keiser 1993 e trabalhos subseqüentes). Diferentemente de vários trabalhos de orientação lexicalista, entre eles o de Grimshaw & Mester 1988, que associam a formação de CVLs a processos disponíveis em um componente gramatical específico denominado Léxico, procuro defender à hipótese de que os predicados formados nas CVLs resultam de operações sintáticas. Para tanto, assumo um modelo de gramática que exclui o que tradicionalmente entendemos como componente lexical e distribui suas funções entre os componente formal, morfo-fonológico e semântico da gramática. As operações sintáticas manipulam apenas raízes abstratas, compostas de traços intrínsecos, e determinado o estatuto categorial dos predicados formados. Identifico os traços intrínsecos aos predicados que ocorrem em CVLs e proponho camadas funcionais que possam checar esses traços na estrutura interna da nominalização em -ada. Com base em propriedades de predicados apresentadas tanto pelo verbo leve, quanto pela nominalização, proponho que a CVL é uma estrutura de predicação complexa que revela a organização interna das eventualidades denotadas pelas expressões lingüísticas das línguas naturais em camadas de subeventos que estabelecem entre si relações de causa ou resultado, por exemplo.
Palavras-chave: Léxico; Sintaxe; Semântica; Predicação; Estruturas de eventos