Resumo

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FALAR DE SI COMO (DES)CONSTRUCAO DE IDENTIDADE E SUBJETIVIDA

BEATRIZ MARIA ECKERT-HOFF

Orientador(a): Maria José Rodrigues Faria Coracini

Doutorado em Linguística Aplicada - 2004

Nro. chamada: T/UNICAMP - E57f


Resumo:
Este trabalho, como sugere o próprio título, gira em torno da (des)construção de identidades e subjetividades no processo de formação do sujeito, pelo "falar de si", com o intuito de compreender a relação do sujeito com sua formação e, possivelmente, contribuir para deslocamentos que nos levem a (re)pensar o professor num processo contínuo de formação. A hipótese direcionadora desta tese é a de que o sujeito-professor, ao falar de si, cria um outro ficcional para se dizer inteiro, fixando-se (ilusoriamente) numa identidade dada, em função das projeções simbólicas e/ou imaginárias, apagando, ainda que inconscientemente, os conflitos e as contradições, que constituem sua história de vida, o que vem acirrar a dicotomia logocêntrica do certo e do errado. Objetivando a desconstrução dessa dicotomização, problematizamos a identidade do professor, dirigindo nosso olhar para suas histórias de vida. A trama do tecido teórico-metodológico que sustenta a análise alia fios da Análise do Discurso a alguns fios da Psicanálise, que permitem trabalhar com a noção de sujeito cindido ? que assume várias posições no discurso ? e clivado, isto é, fragmentado, constituído pelo inconsciente. No (des)atar dos nós ? que se deu pela análise da materialidade lingüística, a partir de segmentos do tipo "não é para... mas tem que", "novo", "negação", "confissão" ?, deparamo-nos com rastros do sujeito do inconsciente, que emergem pelo equívoco, pelos furos da linguagem, permitindo vislumbrar lampejos de subjetividade. Em cena, o sujeito-professor encena um lugar para se e(in)screver e mais se diz do que diz. A análise nos mostrou que, na (vã) tentativa de edificar uma identidade, de revelar a sua inteireza, de demarcar uma fronteira entre isso e aquilo, o discurso do sujeito revela que, entre o eu e o Outro, entre o dentro e o fora, há sempre uma descontinuidade, as fronteiras são porosas. Por mais que o sujeito tente camuflar e fixar uma identidade de professor, depara-se com a alteridade-estranheza que o constitui e denuncia desejos, frustrações, devaneios, sabores e dissabores, verdadeiras confissões, que revelam a multiplicidade de identificações que formam a identidade do eu, sempre híbrida, complexa, heterogênea, perdendo-se na metamorfose camaleônica da subjetividade. Isso nos leva a compreender que o trabalho com histórias de vida, tal como se apresenta neste estudo, deve ter espaço nos cursos de formação, uma vez que permite um passo a mais em direção a um certo saber sobre si, sobre o outro e sobre o seu fazer, deslocando, inevitavelmente, as vicissitudes de seus desejos, de suas falhas.

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