Resumo

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CORPO NO IMAGINARIO NACIONAL, O

ILKA DE OLIVEIRA MOTA

Orientador(a): Mônica Graciela Zoppi Fontana

Mestrado em Linguística - 2004

Nro. chamada: T/UNICAMP - M856c


Resumo:
Apoiados no referencial teórico da Análise de Discurso Francesa (AD) e nos estudos elaborados por pesquisadores brasileiros, nosso trabalho teve como objetivo compreender os sentidos produzidos para o corpo feminino de um espaço de atualização crítico dito pornográfico, a revista Brasil. Analisando textos do editorial e ensaios nos quais aparecem imagens fotográficas justapostas à narração/descrição de modelos em estado de exibição/exposição do corpo, bem como enunciados e designação que as/os referem, foi possível observar e compreender que o corpo que ali é colocado em cena, em uma palavra, textualizado, é constituído de uma memória nacional. Vimos que no espaço discursivo da Brasil fala-se do corpo, de sexualidade, a partir do lugar da nacionalidade e esse fator é o que marca a diferença dessa revista com as demais revistas que também focalizam o corpo. Os elementos símbolos de nacionalidade, tais como: cor e clima tropicais, frutas, paisagem natural brasileira, incluindo aí animais, flores e plantas, entre outros, bem como o futebol e todo o imaginário de "abundância" construído para o Brasil, são transferidos, por efeito metafórico (Pêcheux, 1969), para o corpo da mulher brasileira. Ou seja, por essa transferência (movimento) de sentidos, o corpo da mulher passa, imaginariamente, a ser o corpo do Brasil. Esse mesmo gesto de interpretação em torno do corpo, isto é, os enunciados e designações que referem o corpo feminino sempre ligados à paisagem natural brasileira podem ser remetidos a ema série de texto de José de Alencar e de outros autores cuja posição-sujeito era aquela que propunha pensar o brasileiro, seu corpo, a partir da identidade nacional. O que estamos dizendo e que ao significar o corpo da mulher brasileira, a revista Brasil o faz por filiação, a partir de uma memória do dizer, o já-dito. Em nosso percurso teórico-analítico foi fundamental levar em consideração a problemática dos limites entre o erótico e o pornográfico, bem como compreender o que torna possível uma certa construção do corpo Ter uma estatuto científico distinto do pornográfico e vice-versa. Para isso, mobilizamos o conceito de interpretação, gestos de leitura e de efeitos leitores a fim de buscarmos compreender o(s) gesto(s) de interpretação inscrito(s) na discursividade médica que trabalha o corpo a partir do mesmo procedimento - a decupagem que, por sua vez, produz o efeito de hipervisibilidade - usado pelas revistas e filmes "ditos" pornôs. A partir daí foi possível compreender o efeito discursivo que produz o efeito pornô distinto do erótico e do científico, bem como compreender a constituição do leitor no espaço discursivo da Brazil. Em, síntese, objetivamos compreender o funcionamento discursivo da revista Brazil, explicitar os gestos de interpretação no modo de constituição do corpo feminino que ali são produzidos que se ligam ao processo de identificação da posição-sujeito, suas filiações de sentidos e, portanto, descrever a relação do sujeito com sua memória, com aquilo que o constitui.


Palavras-chave: 1.Corpo. 2. Pornografia. 3. Análise do Discurso.

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