Resumo: Ancorada em uma perspectiva sócio-cultural da cognição humana, procuro mostrar que as relações de solidariedade existentes entre linguagem e memória se constituem por um feixe de processos integrados: cognitivos, biológicos, culturais e lingüísticos. Dessa forma, a reflexão sobre a memória exige o reconhecimento de relações que extrapolam a dimensão cortical ou cognitiva a ela tradicionalmente reservadas. Nessa Dissertação, a análise de diferentes circunstâncias enunciativo-discursivas, como as tradicionais avaliações neuropsicológicas baseadas em testes-padrão, alguns relatos de médicos sobre seus pacientes com alterações de linguagem e de memória e situações interlocutivas com sujeitos com afasia e neurodegenerescência evidenciou os diferentes modos de investigar, relacionar e conceber as relações entre linguagem e memória. A contraposição dessas distintas circunstâncias enunciativo-discursivas nos permite salientar que a natureza e os modos de existência e de funcionamento das relações entre linguagem e memória estão na dependência de vários processos de significação. Estão, portanto, na dependência de nossas práticas com linguagem.
Palavras-chave: Afasia; Doença de Alzheimer; Narrativa; Testes neuropsicológicos; Cognição