Resumo

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PALAVRA E SEDUCAO: UMA LEITURA DOS PREFACIOS OITOCENTISTAS

GERMANA MARIA ARAUJO SALES

Orientador(a): Márcia Azevedo de Abreu

Doutorado em Teoria e História Literária - 2003

Nro. chamada: T/UNICAMP - Sa32p


Resumo:
Este trabalho é o resultado de quatro anos de pesquisas, leituras e reflexões, a fim de compreender as imagens de leitura impressas nos prefácios brasileiros do século XIX. Na leitura dos prefácios, proponho a análise de três categorias: o perfil dos leitores, a imagem do autor e a construção do gênero romanesco na primeira metade do século XIX, através do próprio discurso do escritor. Os prefácios funcionam, também, como o lugar onde são exercidos os debates que buscam dar forma à estética romanesca que vai sendo reconhecida ao longo do século. É por meio desses prólogos que podemos acompanhar o processo longo e progressivo de alteração das imagens, opiniões e pensamentos dos romancistas e do gênero romance. Sob este ponto de vista, os prólogos dos romances do século XIX devem ser examinados como elementos da história do romance e da formação do público leitor. Através desses textos, é possível investigar como ocorreu este processo de formação. A primeira função observada é a definição de leitor. Quem seria o leitor pretendido e/ou construído pelos romancistas do século XIX em seus prefácios? Como podemos averiguar as marcas da trajetória empreendida pelo autor a fim de seduzir e capturar um público-leitor? Será que folhetim e romances faziam parte apenas da leitura feminina ou abarcavam um grupo amplo e misto, formado por homens e mulheres? O papel desempenhado pelo autor é a segunda função analisada neste trabalho. Nos textos dos prefácios, são apresentadas algumas caracterizações do escritor de ficção. Dentre outras funções, o escritor desempenha a tarefa de encantar o leitor através de um discurso persuasivo. Para tanto, o autor faz promessas e postula argumentações convincentes. Por fim, a terceira e última função consiste em observar como o gênero romanesco foi tratado pelo escritor no texto do prefácio. Os prefácios se configuram também como um importante espaço de debates dos procedimentos da criação do novo gênero romanesco em terras brasileiras. Para a composição do corpus da pesquisa serão analisados os prefácios de romances publicados entre 1822 e 1881; escritos por autores consagrados e romances escritos por romancistas menos conhecidos do público e pela crítico no seu valor de escritor. Os prefácios - também chamados prólogos, advertências, proêmios, carta ao leitor, preâmbulos, discursos preliminares - que geralmente introduzem o texto do romance, assumem finalidades que vão além de uma simples introdução, configurando-se, algumas vezes, como uma forma de explicar a obra e debater questões de crítica literária. Os textos introdutórios configuram-se como parte funcional da obra, maneira de o autor se explicar, se justificar, debater idéias, queixar-se, e também seduzir o público leitor.

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