Resumo: Embalado pelo projeto nacionalista que orientou os intelectuais depois da independência política, José de Alencar dedicou-se a pesquisar os rumos para se dotar o país de uma literatura própria. Seguindo o ideário estético do Romantismo, mitificou o selvagem, tratando-o a partir de temas reputados como genuinamente nacionais, a saber: a natureza, a língua e a configuração do passado. A fim de obter credibilidade e reforçar a exaltação do indígena, instituiu uma segunda narrativa, paralela ao texto ficcional, expondo em notas de rodapé uma longa lista de livros e interpretações que supostamente provariam a solidez do relato. Pretendo examinar o percurso das notas de O guarani, Iracema e Ubirajara, verificando o modo de o autor selecionar e interpretar a historiografia disponível e a inserir no enredo. Tais notas funcionam como intermediárias entre o escritor e o leitor por serem o lugar estratégico de conduzir a interpretação da leitura e postular a verossimilhança narrativa