Resumo

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PONTUANDO ALGUNS INTERVALOS DA PONTUACAO

ANA CRISTINA DE AGUIAR BERNARDES

Orientador(a): Maria Fausta Cajahyba Pereira de Castro

Doutorado em Linguística - 2002

Nro. chamada: T/UNICAMP - B456p


Resumo:
O tema central da tese de Doutorado que desenvolvo a seguir é a pontuação. O assunto não é novo e a ele já se dedicaram diversos gramáticos, lingüistas, teóricos da literatura, enfim, estudiosos da linguagem escrita. Mas o fato de muitos já terem se debruçado sobre o tema não o torna menos instigante; pelo contrário, a pontuação tem um caráter multifacetado, que oferece elementos para a elaboração de questões proficuas para aqueles cujo objeto de estudo é o texto escrito. Nosso interesse pelo assunto surgiu no universo da escrita da criança: textos sem nenhuma pontuação, ou então, pontuados "misteriosamente", com sinais irrompendo em lugares da cadeia sintagmática onde não se esperava que eles aparecessem. Como apreender esta pontuação irregular e heterogênea? Como explicar episódios de pontuação tão heterogêneos sob a ótica normativa? A produção da criança não corresponde às expectativas de regularidade do adulto, já alfabetizado e imerso nas convenções de uso da escrita;há uma colisão entre o que ela escreve e a lógica que o adulto tão freqüentemente projeta em seu texto, algo que deixa à mostra um funcionamento lingüístico que não escapa à contingência e que promove rupturas nas expectativas de organização, clareza, correção, etc. Este descompasso nos inspirou a abordar o problema tentando desfazer as certezas que o saber normativo forjou e cristalizou em nossa concepção ocidental de pontuação. Para tanto, percorremos alguns dados históricos acerca da variação de usos e funções da pontuação ao longo dos séculos, assim como abrimos um parêntese cultural para falar de alguns sistemas de escrita não ocidentais, que não utilizam pontuação. A referência a essas escritas justifica-se sobretudo para questionar a tradicional idéia de pontuação como mecanismo facilitador da leitura. Se ela de fato promove uma facilitação, o que poderíamos dizer das escritas que não pontuam? Elas seriam então mais dificeis de ler ou não seria este um julgamento derivado de nossa visão como leitores ocidentais?Esta, dentre outras, é uma das questões que discutiremos em nossa reflexão. Outro passo importante na tentativa propositada de "desfocar" o olhar normativo que envolve o tema foi empreender uma incursão pelo terreno do estilo, onde os ditames da padronização inevitavelmente confrontam-secom o uso que o sujeito faz da língua.A questão do estilo, por sua vez, criou possibilidades de entrada em alguns aspectos da criação poética, lugar em que a pontuação assume um estatuto completamente diverso daquele exposto nos manuais gramaticais. Tanto a perspectiva histórico-cultural quanto a discussão sobre o estilo iluminaram, portanto, as questões que formulamos acerca da pontuação na escrita inicial

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