Resumo

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PORTUGUES E UMA ALAVANCA PARA QUE ELES...,O

HELOISA AUGUSTA BRITO DE MELLO

Orientador(a): John Robert Schmitz

Doutorado em Linguística Aplicada - 2002

Nro. chamada: T/UNICAMP - M489p


Resumo:
Tem-se observado que há uma permanente tendência em se tratar a relação L1- L2 na sala de aula bilíngüe do ponto de vista do monolingüismo.O reflexo imediato dessa tendência tem sido a exclusão, ou pelo menos a tentativa de exclusão, da L1 da sala de aula de L2 sem nenhuma outra alternativa. Neste estudo, de natureza etnográfica, busco compreender como se dá essa relação no contexto de uma escola de imersão em inglês que proporciona ensino fundamental e médio, com base no sistema educacional americano, para alunos de origem multiétnica, com acentuada predominância de brasileiros, residentes em Brasília. Para isso, acompanhei durante um ano as atividades de uma sala de aula de ESL que atende crianças de séries variadas em fase inicial de aquisição e desenvolvimento do inglês, com o objetivo de compreender quais são os padrões de uso do inglês e do português.nessa comunidade, como esses usos são percebidos e como o discurso é construído na sala de aula de ESL - como, quando e com que finalidades essas línguas são usadas. Dois tipos de análise foram feitas - uma macro e outra micro. No nível macro, analiso o discurso da e na escola segundo a perspectiva de toda a comunidade escolar diretores, professores, auxiliares, funcionários e pais de alunos - e de suas normas - o modelo e tipo de programa de ensino, a política de línguas e a organização social da escola. No nível micro, analiso como o discurso é construído na sala de aula - a distribuição e a escolha das línguas, os estilos de fala mais recorrentes,a distribuição dos turnos de fala e, principalmente,os padrões de alternância de línguas. Os resultados mostraram que, tanto no nível macro quanto no micro, as línguas mantêm entre si uma relação diglóssica, que, longe de ser harmoniosa, reflete a estrutura assimétrica das relações entre os grupos que se identificam com essas línguas e as representam, bem como a orientação monolingüística do modelo de ensino e da política de línguas da escola. O inglês se coloca como a língua da autoridade, do poder, das situações formais e instrucionais, enquanto o português é a língua da amizade, da informalidade,da transgressão à norma estabelecida. No âmbito da sala de aula, o estudo mostrou que as práticas discursivas incorporam três estilos de fala: o acadêmico, o conversacional e o alternado. O estilo . acadêmico caracteriza-se, sobretudo, pelo uso do inglês, o conversacional pelo uso do português, e o alternado pelo uso das duas línguas. Por meio do controle de turnos, a professora controla a forma do discurso, a escolha das línguas e a participação das crianças nas atividades. Dessa forma, a professora assegura que o inglês, a língua reconhecida como legítima para a instrução, seja usado na maior parte das interações que ocorrem na sala de aula. Também se observou, no nível micro, que a alternância de línguas assume importantes funções na sala de aula. Tanto as crianças quanto a professora recorrem à alternância de línguas para atingir seus objetivos comunicativos e instrucionais - dar instruções, solicitar ou dar esclarecimentos, negociar a participação nas atividades, traduzir ou negociar o sentido de uma palavra ou expressão, conversar com o colega etc. Para as crianças, o português é o instrumento que faz a mediação entre suas experiências anteriores e aquelas que estão sendo adquiridas por meio da nova língua; para a professora, o português é um dos meios pelos quais ela oferece suporte aos alunos para que eles possam desenvolver suas potenciais habilidades no inglês. Esses resultados contrariam, portanto, a crença de que somente o uso da L2 é benéfico para os aprendizes de L2 e de que todo uso da L1 na sala de aula é prejudicial. Este estudo destaca, entre outras, as seguintes implicações para o processo de ensino-aprendizagem de L2 e para a educação bilíngüe: 1) o uso da L1 deve ser reconhecido como importante em qualquer processo de educação bilíngüe, particularmente nos seus primeiros anos; 2) nesse processo, a alternância de línguas deve ser vista como um recurso comunicativo/instrucional valioso, por ajudar os alunos a fazer a mediação entre suas experiências na L1 e aquelas que estão sendo adquiridas na L2; 3) a importância do reconhecimento de que o conceito de educação bilíngüe implica a formação e o desenvolvimento lingüístico em duas línguas e não apenas em uma


Palavras-chave: Educação bilingue , Bilinguismo , Aquisição da segunda linguagem , Linguistica aplicada , Sociolinguistica

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