Resumo: Este trabalho faz uma leitura do episódio histórico protagonizado por Inês de Castro, D. Monso IV, rei de Portugal, e seu filho, D. Pedro. A partir de oito versões literárias sobre esse episódio, é analisada e discutida a permanência do tema inesiano no imaginário português, sendo o problema da irreversibilidade das a ções humanas o fio condutor da leitura. A escolha desse fio condutor deve-se ao cruzamento do interesse individual com o interesse coletivo, a força que está por trás da more de Inês de Castro. Quando morre a amante do então infante D. Pedro, ele se vê obrigado a reagir. Mais do que vingança, sua reação revela-se uma tentativa de reverter o assassinato de Inês. Dessa reação, focalizada das mais diferentes maneiras pelas versões literárias, resultará uma imagem de soberano diferente. As diferenças na compreensão do sentido da reação de Pedro apresentadas pelas versões literárias são importantes para que se pensem algumas questões relativas à identidade cultural portuguesa, em cuja constituição a figura do bom govemante tem papel de destaque, uma vez que ela se estrutura em tomo da disposição daquele que ocupar o cargo para a defesa da autonomia nacional. Para tanto, um peso considerável é dado à necessidade de ação. Adotando a perspectiva da irreversibilidade, é possível perceber o amplo alcance do tema, que extrapola o âmbito do amor infeliz, em que costuma ser enquadrado quando se procura o motivo para seu sucesso entre o público
Palavras-chave: Literatura portuguesa - Historia e critica