Resumo

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LINGUAGEM E SURDEZ NO PERIODO DOS ..

MARIA HELENA FIGUEIRA GLASS

Orientador(a): Kanavillil Rajagopalan

Doutorado em Linguística - 2001

Nro. chamada: T/UNICAMP - G463L


Resumo:
É principal objetivo deste trabalho o desenvolvimento de uma argumentação que venha contestar o lugar-comum segundo o qual infans ouvintes e surdos encontram-se em situação diferente para a linguagem devido à capacidade auditiva dos primeiros e à falta dessa capacidade dos últimos. Acreditando que tal lugar-comum seja proveniente de uma determinada concepção de linguagem associada a uma concepção restritiva de percepção, proponho que a questão seja reexaminada a partir da concepção antropológica de linguagem de Wittgenstein, a qual abrange a percepção como elemento constitutivo da linguagem. Por meio de discussão acerca de teorias filosóficas e psicológicas da percepção e de análise de evidências encontradas em experimentos realizados no interior da Psicologia Experimental e desenvolvimental, observo que os sistemas sensoriais são independentes e diferentes (em relação aos dos adultos) por ocasião do nascimento, apesar de funcionarem como um todo amalgamado. Sugiro, então, que o neonato não pode se valer exclusivamente de um sentido particular para seu desenvolvimento perceptual, haja vista a percepção ser muito mais que mera capacidade neurofisiológica. De fato, percepção é entendida aqui enquanto uma experiência amalgamada complexa de sentidos independentes que funcionam como um todo; uma experiência que é construída e desenvolvida a partir da interação entre infans e seu caretaker. A partir de tal experiência, o mundo começa a fazer sentido para o bebê e a linguagem emerge. Uma vez que a percepção é uma experiência amalgamada complexa, não faz diferença o fato de um dos sistemas sensoriais não funcionar dentro do considerado normal. O mal funcionamento ou deficiência de um dos sentidos não necessariamente compromete ou limita, em termos de qualidade, a percepção como um todo durante os primeiros meses de vida do bebê. É plausível afirmar, portanto, que infans ouvintes e portadores de surdez profunda congênita interagem essencialmente da mesma maneira com seus caretakers. Sendo a emergência da linguagem proveniente fundamentalmente da interação entre infans e caretaker, conclui-se que infans surdos e ouvintes, em vez de diferentes, encontram-se em situação semelhante frente à linguagem durante o período dos proto-jogos de linguagem.



Palavras-chave: Linguagem , Surdez , Percepção , Aquisição de linguagem

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