Resumo: A interpelação do leitor é uma constante no romance machadiano. Figurado como entidade ficcional, o leitor ganha novos papéis e funções, softendo um processo de ftagmentação e dissolução no desenrolar da obra. Isso ocorre em simultaneidade com modificações profundas na percepção que os escritores oitocentistas tinham dos públicos leitores, o que se deve a mudanças no processo de produção e difusão cultural e também na disponibilização de informações mais precisas sobre o leitorado brasileiro e sobre o papel do romance na construção da nacionalidade. Essas modificações estão indicadas por dados empiricos e também por depoimentos dos principais escritores brasileiros oitocentistas, em que as noções positiva ou negativamente idealizadas a respeito do público de literatura cedem lugar à configuração do leitor e da comunicação literária como problema real e concreto. A partir da leitura e análise dos nove romances, examinados pelo ângulo específico da figuração do leitor, procura-se estabelecer conexões entre os binômios Machado de Assis/público e narradorlleitor e mostrar que, de recurso retórico importado de romances românticos europeus, a interpelação direta do leitor toma-se um recurso de composição. A tese mostra como o conhecimento do público contemporâneo à produção da obra de Machado de Assis - com suas limitações, gostos arraigados, hábitos de leitura etc.- serve como chave para se compreender a transformação do escritor dos primeiros romances no autor de Dom Casmurro e Memorial de Aires, entre outros.
Palavras-chave: Leitores - Reação critica, Literatura brasileira - Sec.XIX - Historia e critica , Romantismo