Resumo

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LINGUISTERRIA: UM CHISTE

VIVIANE VERAS

Orientador(a): Kanavillil Rajagopalan

Doutorado em Linguística - 1999

Nro. chamada: T/UNICAMP - V581L


Resumo:
Considerado por diversos autores uma forma de criação literária, o chiste é uma faculdade linguageira especial. Condensando e deslocando materiais verbais, recombina-os em formas inusitadas, de acordo com uma sintaxe que Freud encontra em ação nos processos inconscientes. Lingüisteria (que introduz na lingüística, por um chiste, a fala da histérica), é como Lacan nomeia uma lingüística que inclua o poético na ordem própria da língua. Nessa lingüisteria, que reconhece a ordem do inconsciente, encontro um lugar para os chistes, tentando fazer com que ressoe nela o riso que eles provocam. O caráter de um chiste está em sua forma lingüística. Parto dessa constatação de Sigmund Freud. O teste é simples: dizer com outras palavras, parafrasear, destrói o efeito chistoso, não surpreende, não faz rir. Segundo Freud, um chiste não se prefacia, um momento antes, nã9 se sabe que chiste se irá fazer [...] e sente-se algo indefinível,que Freud compara com uma ausência {Absenz}, um súbito deixar de fora {Auslassen} a tensão intelectual; um instante depois, o chiste está lá, aflora de repente do inconsciente, não tem origem num raciocínio. Os desdobramentos explicativos eliminam a surpresa que lhe é constitutiva, tiram-lhe a graça, não fazem rir. É somente pelo efeito provocado que um chiste terá sido bem sucedido, portanto, exige uma participação subjetiva. Só é chiste o que reconheço como tal, diz Freud, e isso deve ser levado em conta na experiência de sua transmissão. É na sofística, com o conceito de kairós (momento oportuno), que preparo o caminho que este trabalho vai seguir (Parte I). Exigindo o ouvinte, aquele que ri, a formação de um chiste é social: só pode ser experimentada uma vez que se tome parte em seu processo, excluindo o observador neutro, que se limitaria a analisá-Io. Nessa parte do trabalho (Parte II),abordo a questão do método freudiano, da resistência, da inibição e do desejo. Na parte III proponho uma leitura das teses de Freud a partir do tempo lógico de Lacan, um tempo que inclui as paradas, as hesitações e a pressa, com o objetivo de mostrar como o texto de Freud se deixa afetar pela temporalidade de seu objeto de estudo. Encerrando o trabalho (Parte IV), apresento um ensaio especulativo da mise-en-scene freudiana de uma gênese do chiste, atravessada pelo riso, que lhe abre e fecha as cortinas, como o verdadeiro enigma com que Freud tropeça na experiência de seu objeto


Palavras-chave: Inconsciente , Retorica , Tempo

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