Resumo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre a paráfrase, e fazer isso relativamente a um domínio discursivo particular, o de sujeitos afásicos. Tomar este domínio leva a pensar este fenômeno de linguagem numa região considerada como limite. Toma-se para isso a paráfrase, não como classe de equivalência, enquanto mecanismo produtor de identidades estáveis, determinada de acordo com o princípio da comutação, mas sim, enquanto efeito de interrupção, de duplicidade, de réplica, de deslocamento, de trajetos argumentativos, de contradição. Na paráfrase podemos observar como o sentido passa a ser outro, a cada enunciação, através da modificação do processo discursivo. Isso se dá por ser a paráfrase uma atividade metalingüística espontânea do sujeito, uma atividade que põe emjogo a ilusão necessária da transparência da linguagem e a antecipação, como mecanismo que determina o próprio dizer do enunciador. Para uma observação específica do funcionamento paraftástico, analisamos uma seqüência de situação de diálogo entre um sujeito afásico e um investigador. O fato do interlocutor ser um investigador, não torna o enunciado menos natural, porém, cabe esclarecer que geralmente os sujeitos afásicos estão em contato com os terapeutas continuamente, o que torna a interlocução mais "espontânea". A análise partiu da materialidade lingüística e estendeu-se ao intradiscurso. Foram também considerados o mecanismo de antecipação, ou seja, a maneira como o locutor representa as representações de seu interlocutor e vice-versa e a heterogeneidade do discurso, apoiada nos estudos enunciativos, na Análise do Discurso e na Psicanálise. Foi possível constatar que a paráfrase aparece no discurso de sujeitos afásicos deslocando o sentido, a cada nova enunciação, modificando assim, continuamente o processo discursivo.
Palavras-chave: Analise do discurso , Afasia , Linguagem