Resumo

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ENTRE O AMOR DA LINGUA E O DESEJO: A TAREFA SEM FIM...

NICIA ADAN BONATTI

Orientador(a): Nina Virgínia de Araújo Leite

Doutorado em Linguística - 1999

Nro. chamada: T/UNICAMP - B64e


Resumo:
Nosso objeto será aqui a tradução examinada através do campo teórico da psicanálise. A tradução tem sido comumente observada a partir de um ponto de vista externo, que busca examiná-la como um processo que não inclui quem a pratica, e os resultados não podem ser, portanto, muito satisfatórios. O que nos interessa é saber o modo de produção daquele que a pratica, o tradutor, sujeito dividido, permeado por vicissitudes, movido por mecanismos que nem sempre lhe são claros, solicitado sempre a ser o autor/modificador de um texto que não lhe pertence, premido pela demanda do senso comum em ser fiel a algo que, intrinsecamente, não pode sê-lo. Essa produção é atravessada, entre outros, por processos identificatórios, processos transferenciais, pela presença de formações do inconsciente e pelo desejo que move o sujeito, em uma somatória de acontecimentos que certamente não deixam de incidir sobre o produto final. O corpus para verificação de nossas hipóteses será constituído exclusivamente pela troca epistolar entre um autor, Guimarães Rosa, e seu tradutor para o italiano, Edoardo Bizzarri, por constituir um depoimento sobre o mecanismo de construção de textos - tanto aquele da língua de partida, quanto o da língua de chegada. Através dessas cartas buscaremos rastrear não só as concepções que ambos têm sobre o que é tradução, mas os mecanismos transferenciais e as identificações em jogo que vão interferir no produto final, interessando menos as soluções encontradas em italiano que aquilo que faz questão para o tradutor. Nosso percurso será constituído por uma pequena volta pela literatura sobre tradução e psicanálise, buscando, ao menos parcialmente, onde esses campos de conhecimento cruzam-se explicitamente, oferecendo subsídios para uma teorização a respeito. Em seguida, falaremos sobre alguns conceitos da psicanálise que nos serão necessários na análise da correspondência. No terceiro capítulo, examinaremos a peculiaridade da escrita de Rosa, que coloca problemas específicos para qualquer proposta de tradução. No quarto capítulo isolaremos o que Bizzarri traz como obstáculo, como problemático na compreensão e na tradução do texto, e como Rosa responde a isso. Também faremos um levantamento dos conflitos, ainda que camuflados, que permeiam essa relação, buscando em todo esse material as incidências do inconsciente que atravessam a produção dos textos. Finalmente, a conclusão trará o que é possível depreender dessas reflexões que sirva para lançar luzes sobre o processo tradutório.

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