Resumo: Nosso trabalho examina o funcionamento das dobras interdiscursivas na construção enunciativa dos sentidos, sob a perspectiva teórica da Semântica Histórica da Enunciação. As dobras interdiscursivas, enquanto efeitos de sentido, são paráfrases denegativas do próprio efeito do interdiscurso que irrompe no intradiscurso, (re)significando-o. Uma formulação intradiscursiva do efeito do interdiscurso necessária para administrar /silenciar uma não-coincidência de dizeres-e-sentidos, colaborando para o estabelecimento das ilusões de subjetividade e de unidade do discurso. A definição do fenômeno pressupõe uma concepção heterogênea da linguagem, visto que põe em jogo discursos-outros como espaços virtuais de leitura. Com efeito, o fenômeno indica um processo ininterrupto: a determinação do intradiscurso pelo interdiscurso. Há vemos sentidos perpassando o dizer simultaneamente, os quais podem ou não ecoar para o sujeito no gesto de interpretação erigido pelo efeito da tomada de posição. Quando ocorre a ressonância, uma necessidade discursiva, que se refere à textualização político, reclama uma obra interdiscursiva. As dobras trabalham a política do silêncio na textualização do político como forma de fazer dizer uma coisa para não se (deixar) dizerem outras coisas (Orlandi, 1995:55), descortinando, assim, o movimento do sujeito por diferentes lugares de significação, pontuando a posição-sujeito da qual se enuncia e a formação discursiva de referência do sujeito, e mostrando uma não-coincidência de dizeres-e-sentidos