Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo investigar um provável processo de gramaticalização no português falado do Brasil. Focalizaremos a escala de mudança desenvolvida pelo item lexical achar, verbo pleno, que em determinados contextos assume a função, mais gramatical, de um elemento modalizador epistêmico. Utilizamos como base teórica estudos sobre a gramaticalização, principalmente os de Lehmann (1982), Heine, Claudi & Hünnemeyer (1991), Hopper (1991) e Hopper & Traugott (1993). No trato com a modalidade combinamos a proposta de Palmer (1986) com pontos do funcionalismo de Hengeveld (1988, 1989) e com os estudos sobre os modalizadores no Português do Brasil de Neves (1996) e de Castilho & Castilho (1996). Para verificar o processo de mudança desenvolvido pela forma achar, analisamos dados do Português contemporâneo - língua escrita e falada - e do Português histórico - língua escrita. Procedeu-se, inicialmente, a uma análise qualitativa, na qual individualizou-se cada um dos tipos de achar encontrados no corpus de língua falada. Posteriormente, realizou-se uma análise quantitativa, comparando-se dados de fala e de escrita, com o objetivo de auferir maior credibilidade aos resultados de nossa análise inicial. Com a investigação dos dados diacrônicos, procuramos detectar a data de entrada no sistema lingüístico de cada tipo de achar. E, por fim, submetemos esses itens aos princípios gerais de gramaticalização propostos por Hopper (1991) e Lehmann (1982).
Palavras-chave: Gramatica comparada e geral , Mudanças linguisticas , Sociolinguistica , Lingua portuguesa - Verbos