Resumo: Este trabalho é uma análise discursiva das cartas à redação. Analisamos 293 cartas publicadas nos jornais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo e Jornal do Brasil sobre importantes fatos ocorridos em 1995: greve dos petroleiros, tese sobre possível homossexualidade de Zumbi, agressão à imagem de Nossa Senhora. Cada um desses temas diz respeito a um espaço discursivo distinto: política, sexualidade e religião. Política é um assunto considerado do domínio da esfera pública; religião e sexualidade estão associadas à esfera privada. Percebemos que, nas cartas, efeito ou não de subjetividade e de heterogeneidade podem ser considerados marcas enunciativas que caracterizam o domínio do público e do privado. No caso da greve, embora cada um dos grupos rivais tenha interesses particulares no monopólio do petróleo, nenhum deles assume quais os seus interesses reais. Falam em nome do povo e buscam a adesão do leitor. Para conseguir este efeito de persuasão, imprimem ao texto um tom impessoal. Uma conseqüência é que pouco aparecem, nas cartas, verbos em Ia pessoa e pronomes de Ia pessoa. Da mesma forma, os outros discursos não aparecem marcados como sendo outros na superfície textual. Em relação à religiosidade e à sexualidade, as opções dos sujeitos não são consideradas mutáveis com base em argumentos objetivos: ou é fé ou é preferência. Os leitores que escrevem a respeito do caso Zumbi e do chute na santa supõem não poder mudar a opinião do outro. Preocupam-se em marcar sua posição no texto. Nesses dois conjuntos de cartas, é mais freqüente o emprego de pronomes e verbos em 1a pessoa para marcar a subjetividade no discurso. A heterogeneidade também aparece de maneIra marcada na superfície textual
Palavras-chave: Subjetividade , Analise do discurso , Jornalismo , Linguistica