Resumo: O propósito deste trabalho é verificar como se dá o processo de gramaticalização do verbo estar no português falado no Brasil. A questão que motivou o estudo é a seguinte: estaria a forma reduzida tá substituindo a forma plena estar nas construções perifrásticas com o gerúndio? Para encaminhar uma resposta a tal pergunta, analisei 5 das entrevistas do tipo "Diálogo entre dois informantes" do corpus compartilhado do Projeto NURC/SP. Baseado sobretudo no modelo proposto por Reine & Claudi & Hünnemeyer 1991 para o estudo da gramaticalização, e tentanto ver tal processo como um tipo de mudança lingüística (nos termos de Labov 1972), apliquei o pacote de programas estatísticos VARBRUL aos dados qualitativamente analisados. A partir da análise quantitativa, foi possível constatar que os falantes mais velhos tendem a empregar a forma plena estar, ao passo que os falantes mais jovens tendem a não usar a forma plena, mas somente a reduzida - o que caracteriza uma mudança em progresso. Quanto à morfologização de tá, ainda que elementos interferentes (tais como locativos e adjuntos adverbiais) tendem a não ocorrer entre o auxiliar e o gerúndio quando se usa a forma reduzida, ainda não se pode afirmar que tá já funciona como um clítico e que vai ser aglutinado ao gerúndio
Palavras-chave: Gramatica comparada e geral , Mudanças linguisticas , Sociolinguistica , Lingua portuguesa