Resumo: Esse trabalho surgiu da hipótese de que a imprensa "feminina" funciona como um dos mais complexos e sofisticados dispositivos mediáticos no desempenho e na experiência individual e coletiva dos sujeitos, ajudando a perpetuar valores e atitudes e interferindo na atribuição de significados em nossa sociedade. Tentando responder às questões Como se dá o funcionamento dos discursos de gênero nas revistas femininas bem como o processo de produção dos mesmos? Que formações discursivas se encontram em relação de concorrência? Quais "vozes" se encontram mascaradas? Que efeitos de sentido podem ser resgatados pelos seus interlocutores?, levantei a seguinte hipótese: os discursos de gênero em revistas femininas são sustentados por sujeitos múltiplos e contraditórios que criam tensões entre o instituído e o que pensam subverter. Trabalho no quadro conceitual e epistemológico da Análise do Discurso Francesa (doravante AD), aliado à Teoria Polifônica da Enunciação, de Ducrot, como instrumentos descritivos, dando ênfase às noções sujeito, cruciais, referentes ao funcionamento dos discursos, como sentido, heterogeneidade/polifonia. Analiso enunciados contidos em matérias, anúncios publicitários e cartas de leitores de exemplares da revista feminina CLAUDIA que foram veiculados no período que compreende de 1991 a 1998. Como resultado das análises, pude observar que os discursos de gênero defendidos pelos sujeitos institucionais não subvertem a ordem estabelecida; ao contrário, mantêm o instituído, pois refletem as concepções de gênero internalizadas por homens e mulheres. Observei também que os sentidos, no espaço discursivo considerado são construídos no intervalo entre as posições enunciativas dos sujeitos locutores, dos sujeitos enunciadores e, principalmente, dos sujeitos interlocutores, pois, na prática da ideologia cotidiana, onde se dá verdadeiramente o estabelecimento dos sentidos, os sujeitos interlocutores estão imersos por tais discursos que podem levá-los a reproduzir ou transformar, já que eles são portadores também da subjetividade plural
Palavras-chave: Analise do discurso , Subjetividade , Periodicos para mulheres