Resumo: Essa dissertação aborda, a partir de uma análise da obra de Francis Henrik Aubert, a resistência da tradução à sistematização no interior de uma teoria. Detecto em sua teorização uma tensão que revela um conflito flutuando entre a admissão da provisoriedade da tradução e a elaboração de construtos para controlá-Ia, pela tentativa de limitação da intervenção do tradutor, supostamente isento em relação ao seu objeto, a língua. Proponho uma leitura da trajetória e dos compromissos teóricos de Aubert, a partir do seguinte recorte: um perfil geral da sua reflexão teórica, abrangendo várias áreas de atuação; o modelo integral, que inclui a abordagem lingüística, a cultural e as "(In)Fidelidades da Tradução", quando o autor propõe redimensionar o papel tradicionalmente atribuído ao tradutor e à tradução; e a encenação da resistência da . tradução à sistematicidade em Aubert, analisada através do double bind. A dimensão desconstrutivista mostra que a tradução, através da língua, é necessária e impossível e que o tradutor, ao traduzir, não se separa do seu objeto a, língua. Esse duplo endividamento entre o tradutor e o seu objeto revela o double bind, que não se analisa integralmente e deflagra a resistência. Em Aubert, aponto um jogo duplo, em sua reflexão, entre necessidade e impossibilidade, que encena a resistência da tradução à sistematização
Palavras-chave: Tradução e interpretação