Resumo

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EVENTOS DE LETRAMENTO EM UMA ESCOLA MULTISSERIADA DE UMA...

NEIVA MARIA JUNG

Orientador(a): Marilda do Couto Cavalcanti

Mestrado em Linguística Aplicada - 1997

Nro. chamada: T/UNICAMP - J954e


Resumo:
Este trabalho procurou observar como se constroem os eventos de letramento em uma escola inserida em uma comunidade rural bilíngüe (alemão/português). Em prol de uma política monolíngüe, esses contextos, em nível nacional, estão apagados. Os professores que atuam em escolas similares recebem uma orientação monolíngüe por parte do órgão ao qual estão vinculados. Diante disso, a presente pesquisa estará mostrando como a professora da escola rural organiza o seu trabalho, considerando dois fatores: classe multisseriada e a questão do bilingüismo presente na sala de aula. Na comunidade, macrocosmo, a triangulação de registros evidenciou um uso efetivo das duas línguas, alemão e português. Além disso, observou-se que o português oral é distinto do escrito, caracterizando uma realidade de bidialetalismo. O contexto, então, estará caracterizado como multilíngüe, uma vez que a variedade oral do português apresentou, além das características comuns a outras variedades orais do português, características específicas decorrentes do continnum língua alemã/língua portuguesa. Optou-se por apresentar a variedade dessa 2ª' língua como o brasileiro, uma vez que é dessa forma que as pessoas da comunidade se referem ao português. As crianças da comunidade, que estavam ingressando na escola, apresentavam um domínio variado das línguas alemão e brasileiro. No contexto escolar, precisavam aprender o português escrito. Assim sendo, a professora da escola, baseando-se em crenças a respeito de um trabalho em classe multisseriada, estabeleceu duas normas: a primeira, relacionada à organização fisico-espacial determinava a distribuição dos alunos em pares, com exceção da. 4a série; e a segunda, requereu a adoção de livro didático para os alunos. Essas normas, explicitamente colocadas, emolduraram um esquema escolar, onde o uso das línguas e os padrões de participação dos alunos nos eventos de letramento foram regulados por regras implicitamente colocadas, que os alunos precisam ir aprendendo na interação em sala de aula. Em relação aos eventos de letramento, foco desta pesquisa, observou-se que acontecem quatro eventos na classe, a saber: A hora de perguntar, Vamos avaliar, Agora é para todos e Und dann ein risquinho hier. As normas quanto ao uso das línguas e a participação dos alunos, tornam os eventos distintos entre si. Quanto ao uso das línguas na escola, observou-se urna contradição entre o Dizer e o Fazer da professora. Diante de uma situação na qual parecia precisar justificar uma realidade que não existe nas escolas brasileiras, o bilingüismo, afirmava usar somente o português na sala de aula. Seu Fazer, entretanto, mostrou-se significativo para os alunos, uma vez que, para a construção de sentido do texto em português, fazia uso de uma fala facilitadora, procurando passar o texto para o brasileiro, e, quando ainda havia dificuldade, passava para o alemão. Como membro competente que transitava pas três línguas, a professora fazia a intermediação de uma língua para a outra, auxiliando os alunos nas suas dificuldades. Na interação professora-alunos, identificou-se um descompasso decorrente do ensino 40 português escrito na classe. Por um lado, o ensino estava centrado na estrutura dessa língua, portanto, freqüentemente, isso era o tópico das explicações da professora; por outro, os alunos apresentavam dificuldade para compreender as atividades e explicações a respeito da estrutura dessa língua. Assim sendo, a construção de sentido esperada pela professora não acontecia; conseqüentemente, na resolução das atividades metalingüísticas, os alunos usavam a estratégia de acerto e erro, cometendo "erros", do ponto de vista do livro didático. As atividades referentes à interpretação de texto escrito também eram resolvidas com certa dificuldade pelos alunos, pois nem sempre a professora conseguia auxiliá-Ios construindo a "ponte" de uma língua para a outra

Palavras-chave: Educação bilingue - Comunidade rural , Aquisição da segunda linguagem , Ettnografia

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