Resumo: Esta pesquisa qualitativa, de natureza etnográfica, investigou a maneira como professoras e alunos constroem a prática de "passar", fazer e corrigir lições de casa (LsC) de inglês, em três diferentes escolas secundárias paulistanas. O referencial teórico apoiou-se nos conceitos de abordagem, de cultura de aprender e numa visão cognitivo-interacionista de insumo. A pesquisa revelou que, nos dois primeiros contextos em que as professoras "passaram" LsC orientadas implicitamente por uma abordagem estruturalista de ensinar, desconsiderando a quantidade, a relevância, o grau de prazer e de criatividade das atividades e explorando a sala de aula e a sua extensão para a sistematização (aprendizagem), os alunos interpretaram a prática de fazer LsC como experiências aborrecidas, obrigatórias, descartáveis, para ganhar nota e punitivas. No terceiro cenário, por outro lado, a prática de fazer LsC repercutiu favoravelmente e os alunos demonstraram uma consciência de aprender mais crítica que os demais dos outros contextos. A abordagem da professora com traços comunicativos propiciou a eles trabalhar a estrutura da língua-alvo não só com atividades com foco na forma, mas também, e principalmente, para expressar suas idéias, intensificando os momentos em sala para o uso da lingua-alvo (aquisição), aproveitando os momentos de correção da lição para avaliá-los continuamente, explorar implicitamente estratégias de aprendizagem e também se auto-avaliar, deixando para as LsC o trabalho maior de sistematização e rotinização. Tal reação positiva por parte dos alunos mostrou ser decorrente da percepção que tiveram de que todo o esforço extra realizado em casa atendia a um propósito, qual seja, o de levá-los gradualmente à competência comunicativa, uma experiência que os demais não conseguiram vivenciar, visto que em aula não foram exploradas atividades interativas significativas. O estudo enfatizou que o contraste na abordagem de ensinar das professoras ampliou ou limitou o número e o tipo de funções de LsC exploradas em sala e na sua extensão, com visível vantagem para a professora do terceiro cenário sobre as demais