Resumo

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LINGUA QUE ME FALTA, A

MARIA TERESA GUIMARAES DE LEMOS

Orientador(a): Eni de Lourdes Pulcinelli Orlandi

Doutorado em Linguística - 1994

Nro. chamada: T/UNICAMP - L544L


Resumo:
O trabalho que nos propusemos realizar aqui é uma análise dos estudos em aquisição de linguagem enquanto discurso científico - isto é, enquanto discurso que visa à produção de um saber sobre o real. A função da psicanálise nesse trabalho não é a de uma epistemologia, nem de uma teoria sobre a linguagem, mas a que lhe cabe por constituir um modo de operar sobre o saber que inclui a transferência. Essa análise nos permitiu avaliar, em primeiro lugar, a relação dos estudos em aquisição de linguagem com a lingüística, a partir de um ponto destacado por Jean Claude Milner: a alíngua como objeto causa do desejo do lingüista. A fala da criança, na medida em que faz retomar o real d'alíngua, a presença irredutível do significante sob a forma da sobredeterminação, arrisca colocar em perda a unidade da Língua. Os estudos em aquisição de linguagem constituíram, desse modo, um lugar de problematização da questão ética - no sentido da ética da psicanálise, ou seja, da ética do desejo. Questão que advém da relação com esse real causador do desejo: recobrir o real da língua com uma instância psicológica ou biológica (cf. Pêcheux, 1982) para refazer a unidade da língua e do sujeito é ceder em relação a esse desejo e aceitar que a língua seja reduzida ao imaginário. De que maneira os estudos de aquisição podem ter essa incidência? Os estudos em aquisição de linguagem, cuja origem está ligada a um projeto da psicologia positivista norte-americana (a psicolingüística), tomaram vulto nos anos 60, quando o .advento da teoria chomskiana promoveu uma série de pesquisas destinadas a confirmar, a partir da fala da criança, os universais lingüísticos postulados nessa teoria. Este projeto fracassou, mas foi, entretanto, o lugar de uma descoberta (ainda que formulada de modo negativo): a fala da criança não podia ser descrita pela lingüística. O que quisemos mostrar na tese foi que a fala da criança colocou nesse momento, pelas suas características "estranhas", um enigma sobre a língua. Reconhecidamente ou não, a interrogação que a fala da criança colocou foi o que abriu a possibilidade de uma alteridade para a área (considerada interdisciplinar), na medida em que criou um submetimento à fala da criança, isto é, uma exigência de transformar a fala em dado empírico. Submetimento que, vale dizer, não encontra paralelo nem na lingüística nem na psicologia, áreas das quais supostamente os estudos em aquisição de linguagem dependem. Nossa análise compreende três momentos do percurso da área: a criação da psicolingüística, a psicolingüística ligada a Chomsky e, num terceiro momento, a hipótese sócio-interacionista de Cláudia Lemos. Essa hipótese, como quisemos mostrar, realiza um avanço ao nomear - através da dependência dialógica que mostra existir entre o enunciado da criança e o do seu interlocutor adulto – a sobredeterminação, a amarração entre língua e sujeito.

Palavras-chave: Aquisição de linguagem , Psicolinguistica , Psicanalise

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